quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sociologia - 6ª aula 30/04/2011

Boa tarde pessoas!
Na nossa próxima aula, conversaremos sobe as desigualdades sociais em nosso país e começaremos a falar sobre poder, política e Estado!

Então, lá vamos nós!

Pensando historicamente a questão das desigualdades socias no Brasil, percebemos que, com a chegada dos portugueses, elas se instalaram e ficaram!

Inicialmente, os povos indígenas que habitavam o continente foram vistos pelos europeus como seres exóticos, não dotados de alma. Depois dessa concepção, ainda hoje há quem veja os indígenas com muito preconceito, como seres inferiores e menos capazes.

Com a introdução do trabalho escravo negro, milhares de escravos africanos foram retirados de suas terras de origem para enfrentar condições terríveis de trabalho e de vida no Brasil. Até hoje seus descendentes ainda sofrem discriminação e preconceitos pelo fato de serem negros.


À partir do século XIX, com o previsto fim do trabalho escravo, houve um incentivo à vinda de imigrantes europeus, principalmente para trabalho na lavoura de café. Muitos deles vieram pensando em melhores qualidades de vida, mas aqui chegando, encontraram condições de trabalho semi-servis nas fazendas de café.




À medida que a sociedade brasileira foi se industrializando e urbanizando, novos contingentes populacionais foram absorvidos pelo mercado de trabalho nas cidades, processo iniciado no começo do século XX, acerelado na década de 1950, quando se desenvolveu no país um grande esforço de industrialização, trazendo junto a urbanização. Criou-se um proletariado industrial, e milhares de outros trabalhadores foram atraídos para as cidades afim de exercerem as mais diversas atividades.




Com essas transformações, houve um crescimento gigantesco das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona rural.
Como nem toda a mão-de-obra ofertada foi absorvida nos setores industriais e urbanos, e por causa das transformações ocorridas na agricultura, foi se formando nas cidades uma grande massa de desempregados e de semi-ocupados que  viviam e vivem à margem do sistema produtivo capitalista.
Hoje essa massa, praticamente não encontra chance de emprego, por tratar-se de mão-de-obra desqualificada. E é essa mão-de-obra desqualificada que evidencia, sem dúvida nenhuma, como o processo de desenvolvimento do capitalismo foi criando desigualdades, que aparecem na forma de miséria e pobreza crescentes, sendo cada vez mais difícil superar essa situação.




Vários indicadores de desigualdade se encontram em nosso cotidiano. As estatísticas da desigualdade estão todos os dias nos jornais e revistas, e demonstram a gravidade do problema, colocando o nosso país na posição de um dos países mais desiguais do mundo.
Isso não se traduz só em fome e miséria, mas também nas condições precárias de saúde, de habitação, de educação, enfim, em uma situação desumana, principalmente quando se sabe que  a produção agrícola e industrial e o setor de comércio e serviços tem crescido de maneira expressiva em nosso país, demonstrando que a sociedade produz bens e serviços e riqueza, mas eles não são distribuídos de modo que atinjam todos os brasileiros.

A desigualdade a partir do século XIX começa a ser analisada no Brasil, como tentativa de explicar a pobreza relacionando-a  à influencia do clima e à riqueza das matas e do solo. Afirmava-se nessa época que o brasileiro era preguiçoso, indolente, supersticioso e ignorante porque a natureza tudo lhe dava: frutos, plantas, solos férteis, etc. Era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar. Será?
Uma segunda explicação estava vinculada à mestiçagem, onde diversos críticos, como Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Sílvio Romero, foram críticos ferrenhos da mestiçagem e consideravam que os mestiços demonstravam a "degeneração e falência da nação" ou que eram "decaídos, sem energia física dos ascendentes selvagens, sem atitude intelectual dos ancestrais superiores".
Um absurdo!
Entretanto para amenizar esses absurdo dois autores da época pensavam diferente: Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim, afirmavam que graças a raça negra, havia surgido um povo no Brasil, mas que a escravidão e o latifúndio geravam verdadeiras "colônias penais" no interior. Diziam que as populações do interior tinham muita força, cordialidade e uma capacidade de atuar coletivamente, seja por meio de técnicas coletivas de trabalho, seja pelo uso comum de suas posses.

A  partir de 1940 a questão das desigualdades aparecia sob um novo olhar, que passava ainda pela presença do latifúndio, da monocultura e também do subdesenvolvimento. Josué de Castro, procurou analisar a questão da desnutrição e da fome das classes populares explicando-as com base no processo de subdesenvolvimento, o qual gera desigualdades econômicas e sociais entre os povos que, no passado, tinham sido alvo da exploração colonial no mundo capitalista. Defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil.
Victor Nunes Leal em seu livro: Coronelismo, enxada e voto, publicado qm 1948, apresenta o coronel vinculado à propriedade rural, principalmente no Nordeste, como a base de sustentação de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores rurais em uma situação de penúria, de abandono e de ausência de educação.



A relação entre as desigualdades e as classes sociais voltou a ser analisada na década de 1950, numa perspectiva que envolvia a situação dos negros na estrutura social brasileira, procuravam desmontar o mito da democracia racial brasileira, e colocaram o tema raça no contexto das classes sociais. Afirmam que os ex escravos foram integrados de forma precária, criando-se uma desigualdade constitutiva da situação que seus descendentes vivem até hoje.

A partir da década de 1960 outras temáticas sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais existentes. Procuravam entender como ocorreu a formação do empresariado nacional, das classes médias, do operariado industrial e do proletariado rural.

Nas seguintes décadas 1970 e 1980 a preocupação situou-se na análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.




Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados do Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos como cidadãos, mesmo que a maioria ainda estivesse vivendo miseravelmente. 

Já na década de 1990, adicionou-se um novo componente na análise das desigualdades sociais: foco sobre as questões relacionadas ao emprego e as condições de vida dos trabalhadores. A questão racial continuou presente e a questão das classes sociais permaneceu no foco, constatando-se a crescente subordinação do trabalho ao capital, tanto na cidade como no campo. A questão do gênero também ganhou espaço, destacando-se principalmente a situação desigual das mulheres em relação à dos homens.

E ainda nesse período, organismos nacionais e internacionais criaram índices sobre as desigualdades e a pobreza que revelam dados muito interessantes. No Brasil dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que a ONU publica por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Esses índices apontam as mais diferentes formas de desigualdade, deixando de lado a questão das classes sociais e a exploração existente. O fundamental passa a ser quantificar os pobres, os ricos, os setores médios e os remediados da sociedade em números e gráficos a fim de orientar políticas públicas e investimentos nesta ou naquela área. Foi assim que nasceram vários programas governamentais, como o Fome Zero, Bolsa Família, Bolsa Gás, etc.

Embora a situação da classe trabalhadora seja uma constante nos estudos desenvolvidos nos últimos 50 anos, percebemos que a interpretação com base nas análise marxista das classes, que tinha por foco a questão da exploração. foi pouco a pouco perdendo espaço para análises de índices demonstrativos de diversos aspectos das desigualdades sociais, nos vários segmentos e setores da sociedade, sem a preocupação de explicá-los, trazendo com isso algumas controvérsias acerca do real entendimento sobre a questão das desigualdades no Brasil.

Vou ficando por aqui!
Qualquer dúvida já sabem!
Beijos 
Fernanda

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