Vamos ao conteúdo da nossa terceira aula, porque eu quero comer doce e não posso ficar pensando nisso.
Começamos a aula revisando as discussões da aula passada. Falamos que o homem se distanciou da natureza, por desenvolver técnicas que garantissem sua sobrevivência.
Definimos também, o que é ser NATURAL. Se houver alguma dúvida, é só ir no arquivo do blog e acessar o conteúdo da nossa ultima aula. Se ainda restarem dúvidas, estou aqui para saná-las. Enfim, continuando: Falamos que existem diversos tipos de cultura e que ela pode se modificar com o passar do tempo. Vimos também que os gregos e romanos de tempos longínquos diziam que a cultura é uma natureza do homem, superior, que lhe permite controlar seus impulsos catastróficos e animalescos.
Falamos das mudanças de termos com relação ao que é cultural e natural, depois do século XVIII. E por fim, dissemos que o homem culto atual é aquele que vive na civilização.
No século XVIII, juntamente com a idéia de livre vontade, alguns pensadores começaram a determinar que a natureza é dotada apenas de repetição. Tudo na natureza se modifica, logicamente, mas é uma modificação repetitiva. O dia vem depois da noite, o outono vem depois do verão, e assim por diante. Para esses pensadores, ao contrário da natureza que se modificava repetidamente, a modificação da cultura era dotada de TRANSFORMAÇÃO.
Isso quer dizer que a cultura muda com o passar do tempo e não se repete. Nossa cultura hoje, não é a mesma que a cultura de 30 anos atrás, e assim sucessivamente, até a pré-história. E se a cultura se transforma com o passar do tempo, sem se repetir e apresentando características próprias, ela pode ser chamada de HISTÓRIA. Marx era adepto desse pensamento.
Immanuel Kant, filósofo do séc. XVIII, defendia a idéia já estudada por nós de que o homem é dotado de livre vontade. Sendo dotado de livre vontade, ele não precisava mais viver sob as influências do mundo natural. Assim, nós poderíamos ter o controle de nossas próprias vidas. Resumindo, para Kant, o homem é um ser cultural.
Hegel |
Em contraste com a idéia de Kant, seu contemporâneo HEGEL, defendia a idéia de que o homem é um ser natural. Para Hegel, cultura e natureza são manifestações do espírito, algo que constitui todas as coisas do universo. Tudo tem espírito, e tudo é dotado de matéria. Quando a matéria não se dá conta do seu espírito, ela continua matéria, ignorante de sua própria essência, manifestando apenas seu caráter natural. Mas quando a matéria se dá conta de sua essência, do seu espírito, do seu interior, ela ganha consciência. Nós, humanos, somos seres que percebemos nosso espírito e por isso somos dotados de consciência.
Meio complicado, né? Mas vamos em frente.
Mas e aí?! Cultura, natureza... sabemos que a natureza surgiu do começo do universo. Mas de onde surgiu a cultura? A cultura surge juntamente com o nascimento do trabalho. O simples fato de o homem precisar comer e se abrigar já é considerado uma forma de trabalho. Quando os grupos tribais da pré-história começaram a se organizar minimamente, e distribuir tarefas, começa aí o desenvolvimento da cultura.
Como vocês já estão estudando o tema TRABALHO com a Fer, vou passar para o próximo tópico.
Bom, com o desenvolvimento do trabalho, da cultura e com o aumento da complexidade social, o homem teve que desenvolver também, um meio de comunicação eficiente. Para que? Oras, para transmitir mensagens importantes para seus companheiros. Para avisar sobre inimigos, para organizar táticas de caça, para procriar e gerencial o clã.
Linguagem corporal À esq.: Dominância À dir.: Imparcialidade |
Essa comunicação se dá na forma de linguagem. A linguagem pode se apresentar de diversas formas: escrita, vocal, artística (pinturas, música, esculturas, arquitetura), visual, enfim. É a maneira mais eficiente de compreendermos o mundo e transmitir/receber as informações.
Mas vejam, da mesma forma que a linguagem permite que nos comuniquemos, ela também é responsável por limitar muitos de nossos pensamentos. Usamos a linguagem para capturar um elemento do mundo, tirá-lo da realidade e manifestá-lo na imaginação. Fazemos isso para conceituar praticamente tudo que nos cerca.
Milk Shake de Nutella que eu tive o prazer de provar em SP |
Quando eu digo MILKSHAKE DE CHOCOLATE, eu retiro da realidade a manifestação material do milkshake e passo a significá-lo somente em minha mente. O milkshake real perde, assim, todas as suas características e potencialidades e se torna um milkshake imaginário, limitado somente às nossas experiências anteriores com milkshakes. Vemos então, que a linguagem é uma ferramenta limitadora da realidade.
Mas não podemos pensar apenas no caráter limitador da palavra. Estamos discutindo filosofia e temos sempre que olhar para os dois (ou mais) lados de tudo.
Ao mesmo tempo que a linguagem conceitua (e consequentemente limita a realidade), ela nos permite alcançar situações e nos transmitir experiências que não conhecemos e nunca vivemos. Podemos sair momentaneamente do que é concreto e viajar naquilo que, de outro modo, não seria possível. Ou ainda, transpassar (mesmo que às vezes ainda não de muito certo) nossos sentimentos e sensações e dividir as profundezas do nosso espírito com aqueles que amamos.
Terminamos essa aula falando do exemplo fabuloso que foi Helen Keller. Helen foi uma mulher que nasceu com saúde, mas devido a uma doença na infância, perdeu a visão e a audição (e dessa a forma a fala). Aos sete anos de idade (aproximadamente), conheceu sua professora que com o passar do tempo, lhe ensinou a compreender os sinais do mundo de outra forma, que não aquelas as quais estamos acostumados. Helen entrou na universidade, ganhou prêmios, tornou-se filósofa e escritora.
Agora vou lutar contra minha vontade de tomar um milkshake de chocolate de meio litro.
Deixo vocês com o clipe de uma banda muito legal, que possui uma linguagem performática (arte multidisciplinar, que utiliza inclusive o corpo como ferramenta de expressão) muito bacana!
Abraço!
Gabriel.
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