quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sociologia - 6ª aula 30/04/2011

Boa tarde pessoas!
Na nossa próxima aula, conversaremos sobe as desigualdades sociais em nosso país e começaremos a falar sobre poder, política e Estado!

Então, lá vamos nós!

Pensando historicamente a questão das desigualdades socias no Brasil, percebemos que, com a chegada dos portugueses, elas se instalaram e ficaram!

Inicialmente, os povos indígenas que habitavam o continente foram vistos pelos europeus como seres exóticos, não dotados de alma. Depois dessa concepção, ainda hoje há quem veja os indígenas com muito preconceito, como seres inferiores e menos capazes.

Com a introdução do trabalho escravo negro, milhares de escravos africanos foram retirados de suas terras de origem para enfrentar condições terríveis de trabalho e de vida no Brasil. Até hoje seus descendentes ainda sofrem discriminação e preconceitos pelo fato de serem negros.


À partir do século XIX, com o previsto fim do trabalho escravo, houve um incentivo à vinda de imigrantes europeus, principalmente para trabalho na lavoura de café. Muitos deles vieram pensando em melhores qualidades de vida, mas aqui chegando, encontraram condições de trabalho semi-servis nas fazendas de café.




À medida que a sociedade brasileira foi se industrializando e urbanizando, novos contingentes populacionais foram absorvidos pelo mercado de trabalho nas cidades, processo iniciado no começo do século XX, acerelado na década de 1950, quando se desenvolveu no país um grande esforço de industrialização, trazendo junto a urbanização. Criou-se um proletariado industrial, e milhares de outros trabalhadores foram atraídos para as cidades afim de exercerem as mais diversas atividades.




Com essas transformações, houve um crescimento gigantesco das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona rural.
Como nem toda a mão-de-obra ofertada foi absorvida nos setores industriais e urbanos, e por causa das transformações ocorridas na agricultura, foi se formando nas cidades uma grande massa de desempregados e de semi-ocupados que  viviam e vivem à margem do sistema produtivo capitalista.
Hoje essa massa, praticamente não encontra chance de emprego, por tratar-se de mão-de-obra desqualificada. E é essa mão-de-obra desqualificada que evidencia, sem dúvida nenhuma, como o processo de desenvolvimento do capitalismo foi criando desigualdades, que aparecem na forma de miséria e pobreza crescentes, sendo cada vez mais difícil superar essa situação.




Vários indicadores de desigualdade se encontram em nosso cotidiano. As estatísticas da desigualdade estão todos os dias nos jornais e revistas, e demonstram a gravidade do problema, colocando o nosso país na posição de um dos países mais desiguais do mundo.
Isso não se traduz só em fome e miséria, mas também nas condições precárias de saúde, de habitação, de educação, enfim, em uma situação desumana, principalmente quando se sabe que  a produção agrícola e industrial e o setor de comércio e serviços tem crescido de maneira expressiva em nosso país, demonstrando que a sociedade produz bens e serviços e riqueza, mas eles não são distribuídos de modo que atinjam todos os brasileiros.

A desigualdade a partir do século XIX começa a ser analisada no Brasil, como tentativa de explicar a pobreza relacionando-a  à influencia do clima e à riqueza das matas e do solo. Afirmava-se nessa época que o brasileiro era preguiçoso, indolente, supersticioso e ignorante porque a natureza tudo lhe dava: frutos, plantas, solos férteis, etc. Era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar. Será?
Uma segunda explicação estava vinculada à mestiçagem, onde diversos críticos, como Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Sílvio Romero, foram críticos ferrenhos da mestiçagem e consideravam que os mestiços demonstravam a "degeneração e falência da nação" ou que eram "decaídos, sem energia física dos ascendentes selvagens, sem atitude intelectual dos ancestrais superiores".
Um absurdo!
Entretanto para amenizar esses absurdo dois autores da época pensavam diferente: Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim, afirmavam que graças a raça negra, havia surgido um povo no Brasil, mas que a escravidão e o latifúndio geravam verdadeiras "colônias penais" no interior. Diziam que as populações do interior tinham muita força, cordialidade e uma capacidade de atuar coletivamente, seja por meio de técnicas coletivas de trabalho, seja pelo uso comum de suas posses.

A  partir de 1940 a questão das desigualdades aparecia sob um novo olhar, que passava ainda pela presença do latifúndio, da monocultura e também do subdesenvolvimento. Josué de Castro, procurou analisar a questão da desnutrição e da fome das classes populares explicando-as com base no processo de subdesenvolvimento, o qual gera desigualdades econômicas e sociais entre os povos que, no passado, tinham sido alvo da exploração colonial no mundo capitalista. Defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil.
Victor Nunes Leal em seu livro: Coronelismo, enxada e voto, publicado qm 1948, apresenta o coronel vinculado à propriedade rural, principalmente no Nordeste, como a base de sustentação de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores rurais em uma situação de penúria, de abandono e de ausência de educação.



A relação entre as desigualdades e as classes sociais voltou a ser analisada na década de 1950, numa perspectiva que envolvia a situação dos negros na estrutura social brasileira, procuravam desmontar o mito da democracia racial brasileira, e colocaram o tema raça no contexto das classes sociais. Afirmam que os ex escravos foram integrados de forma precária, criando-se uma desigualdade constitutiva da situação que seus descendentes vivem até hoje.

A partir da década de 1960 outras temáticas sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais existentes. Procuravam entender como ocorreu a formação do empresariado nacional, das classes médias, do operariado industrial e do proletariado rural.

Nas seguintes décadas 1970 e 1980 a preocupação situou-se na análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.




Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados do Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos como cidadãos, mesmo que a maioria ainda estivesse vivendo miseravelmente. 

Já na década de 1990, adicionou-se um novo componente na análise das desigualdades sociais: foco sobre as questões relacionadas ao emprego e as condições de vida dos trabalhadores. A questão racial continuou presente e a questão das classes sociais permaneceu no foco, constatando-se a crescente subordinação do trabalho ao capital, tanto na cidade como no campo. A questão do gênero também ganhou espaço, destacando-se principalmente a situação desigual das mulheres em relação à dos homens.

E ainda nesse período, organismos nacionais e internacionais criaram índices sobre as desigualdades e a pobreza que revelam dados muito interessantes. No Brasil dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que a ONU publica por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Esses índices apontam as mais diferentes formas de desigualdade, deixando de lado a questão das classes sociais e a exploração existente. O fundamental passa a ser quantificar os pobres, os ricos, os setores médios e os remediados da sociedade em números e gráficos a fim de orientar políticas públicas e investimentos nesta ou naquela área. Foi assim que nasceram vários programas governamentais, como o Fome Zero, Bolsa Família, Bolsa Gás, etc.

Embora a situação da classe trabalhadora seja uma constante nos estudos desenvolvidos nos últimos 50 anos, percebemos que a interpretação com base nas análise marxista das classes, que tinha por foco a questão da exploração. foi pouco a pouco perdendo espaço para análises de índices demonstrativos de diversos aspectos das desigualdades sociais, nos vários segmentos e setores da sociedade, sem a preocupação de explicá-los, trazendo com isso algumas controvérsias acerca do real entendimento sobre a questão das desigualdades no Brasil.

Vou ficando por aqui!
Qualquer dúvida já sabem!
Beijos 
Fernanda

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sociologia - 5ª aula 16/04/2011

Boa noite, pessoal!
Na nossa última aula, continuamos abordando a pobreza e a questão do desenvolvimento.

As expressões subdesenvolvimento e país subdesenvolvido foram muito usadas na imprensa e na literatura sociológica e econômica entre 1950 e 1960. Entre os anos 1970, tornou-se comum o uso de conceitos de terceiro mundo e terceiro-mundismo. Atualmente, essas expressões foram substituídas pelas noções de país pobre e de país emergente, ou em desenvolvimento.

Esses novos conceitos têm a vantagem de diferenciar sociedades extremamente pobres de regiões que combinam índices importantes de crescimento e bem-estar com amplos setores da população vivendo abaixo da linha da pobreza.

Ao grupo dos extremamente pobres,  pertencem países como Haiti, Bangladesh e Burkina Fasso. Já o grupo dos emergentes, ou que estão em desenvolvimento, engloba o Brasil, Rússia, Índia e a China, grupo conhecido com a sigla BRIC.

Tentaremos nessa aula, entender o conceito inicial de subdesenvolvimento, pois ele designa uma situação histórica específica, comum a um conjunto de países, que a noção de país emergente ou em desenvolvimento às vezes mascara, escondendo problemas que os aproximam mais dos países pobres do que daqueles que já alcançaram o pleno desenvolvimento.

Mas antes da gente entrar no conceito de país subdesenvolvido, vamos entender quais as características comuns aos países pobres:
- Baixa renda per capta;
- Dependência econômica e tecnológica em relação aos países plenamente desenvolvidos;
- Grande desigualdade na distribuição de renda, com algumas pessoas muito ricas e a maioria da população vivendo em condições de extrema pobreza;
- Taxas elevadas de mortalidade infantil;
- Altos índices de analfabetismo;
- Má distribuição da propriedade da terra, com um pequeno grupo de latifundiários que concentram a maior parte do solo cultivável;
- Dívida externa elevada;
- Parte da economia controlada por empresas multinacionais, com centros de decisão fora do país;
- Corrupção generalizada em todos os setores do Estado;
- Desrespeito aos direitos humanos frequente.

Podemos considerar como países pobres aqueles que apresentam baixos níveis de desenvolvimento humano, econômico e social.

Devemos tomar cuidado para não confundir o antigo conceito de subdesenvolvimento com o de não-desenvolvimento. Sua característica mais marcante é o que alguns autores chamam de "desenvolvimento perverso", já que o crescimento econômico nos países antes chamados de subdesenvolvidos acentua as desigualdades sociais em vez de diminuí-las, aumentando o abismo que separa os ricos dos pobres.
Por outro lado, é preciso pensar que alguns países do antigo grupo de subdesenvolvidos encontram-se hoje em uma fase mais avançada de industrialização, os BRICs, entre outros. Formando o chamado grupo dos emergentes.

Mas vamos falar de Brasil.
O nosso país se situa entre as maiores 10 economias do mundo. Mas, mesmo assim, a nossa distribuição de renda, nossa qualidade de vida e o bem estar de nossa população, encontra-se ainda em um patamar muito baixo.
Segundo a ONU, em 2007 o Brasil ocupava a 70º posição na escala do IDH, entre 177 países estudados.

O que é esse tal de IDH?
O IDH é um indicador que mede a qualidade de vida de um país. É levado em conta a expectativa de vida da população, a renda per capita, a taxa de alfabetização da população e o índice de matrículas no ensino fundamental, médio e superior. Atualmente, nosso país tem um IDH mais baixo do que países mais pobres, como Panamá (62º), Cuba (51º), Uruguai (46º) e Chile (40º).

Com o passar dos anos o Brasil vem melhorando seus índices, mas apesar desse avanço, ainda mantém no Brasil alguns indicadores típicos do subdesenvolvimento: desigualdade extrema na distribuição de renda, pobreza, insuficiência alimentar, grande incidência de doenças, altas taxas de mortalidade infantil entre pobres, precariedade no saneamento básico, entre outros.

Vamos falar um pouco em números brasileiros!

- População brasileira: 187 milhões de pessoas (2006) : 81% na área urbana e 19% na zona rural;
- 7,5% da população (14 milhões de pessoas) estão abaixo da linha da pobreza (sobrevivem com menos d e1 dólar por dia);
- 85 milhões de brasileiros consomem, por dia menos de 2200 calorias, o que é considerado mínimo para uma vida normal;
- PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas durante um ano): 883 bilhões de dólares em 2007
- 44% dessa riqueza se concentra na mão dos 10% mais ricos
- 10% da população sobrevive com menos de um salário mínimo por mês, totalizando apenas 0,8% to total da renda do país
- Renda per capita: 3890 dólares (EUA: 43 mil dólares)
- Em cada mil crianças que nascem, 33 morrem antes de completar 5 anos.

Os números da pobreza, são dados a partir de indicadores vitais e indicadores socioeconômicos. Os indicadores vitais são insuficiência alimentar, grande incidência de doenças, alta taxa de natalidade e alto desenvolvimento demográfico. Já os indicadores socioeconômicos, pela baixa renda per capta, predomínio do setor primário sobre o secundário, concentração de renda, subemprego e emprego disfarçado.

Mas como pensar no desenvolvimento?
Temos que ter a consciência de que o desenvolvimento de uma nação vai muito mais além do que seu desenvolvimento econômico. Um ótimo exemplo é o nosso país que mesmo ocupando a décima maior economia mundial , se encontra em 70º no IDH. Para se ter um verdadeiro desenvolvimento, precisamos de transformações qualitativas de nossa sociedade. Crescimento com combate à pobreza, melhor distribuição de renda e da propriedade de terra com respeito ao equilíbrio ecológico.

Como diz a tirinha aqui em baixo da Mafalda, precisamos erguer as mangas, e entender que não podemos apenas apontar os problemas de nossa nação, mas sim fazer nossa parte por um mundo melhor!

Boa semana!
Beijos
Fernanda


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Filosofia - Sobre a terceira aula, do dia 02/04

Vamos ao conteúdo da nossa terceira aula, porque eu quero comer doce e não posso ficar pensando nisso.

Começamos a aula revisando as discussões da aula passada. Falamos que o homem se distanciou da natureza, por desenvolver técnicas que garantissem sua sobrevivência.

Definimos também, o que é ser NATURAL. Se houver alguma dúvida, é só ir no arquivo do blog e acessar o conteúdo da nossa ultima aula. Se ainda restarem dúvidas, estou aqui para saná-las. Enfim, continuando: Falamos que existem diversos tipos de cultura e que ela pode se modificar com o passar do tempo. Vimos também que os gregos e romanos de tempos longínquos diziam que a cultura é uma natureza do homem, superior, que lhe permite controlar seus impulsos catastróficos e animalescos.

Falamos das mudanças de termos com relação ao que é cultural e natural, depois do século XVIII. E por fim, dissemos que o homem culto atual é aquele que vive na civilização.

No século XVIII, juntamente com a idéia de livre vontade, alguns pensadores começaram a determinar que a natureza é dotada apenas de repetição. Tudo na natureza se modifica, logicamente, mas é uma modificação repetitiva. O dia vem depois da noite, o outono vem depois do verão, e assim por diante. Para esses pensadores, ao contrário da natureza que se modificava repetidamente, a modificação da cultura era dotada de TRANSFORMAÇÃO.

Isso quer dizer que a cultura muda com o passar do tempo e não se repete. Nossa cultura hoje, não é a mesma que a cultura de 30 anos atrás, e assim sucessivamente, até a pré-história. E se a cultura se transforma com o passar do tempo, sem se repetir e apresentando características próprias, ela pode ser chamada de HISTÓRIA. Marx era adepto desse pensamento.

Immanuel Kant, filósofo do séc. XVIII, defendia a idéia já estudada por nós de que o homem é dotado de livre vontade. Sendo dotado de livre vontade, ele não precisava mais viver sob as influências do mundo natural. Assim, nós poderíamos ter o controle de nossas próprias vidas. Resumindo, para Kant, o homem é um ser cultural.

Hegel
Em contraste com a idéia de Kant, seu contemporâneo HEGEL, defendia a idéia de que o homem é um ser natural. Para Hegel, cultura e natureza são manifestações do espírito, algo que constitui todas as coisas do universo. Tudo tem espírito, e tudo é dotado de matéria. Quando a matéria não se dá conta do seu espírito, ela continua matéria, ignorante de sua própria essência, manifestando apenas seu caráter natural. Mas quando a matéria se dá conta de sua essência, do seu espírito, do seu interior, ela ganha consciência. Nós, humanos, somos seres que percebemos nosso espírito e por isso somos dotados de consciência.

Meio complicado, né? Mas vamos em frente.

Mas e aí?! Cultura, natureza... sabemos que a natureza surgiu do começo do universo. Mas de onde surgiu a cultura? A cultura surge juntamente com o nascimento do trabalho. O simples fato de o homem precisar comer e se abrigar já é considerado uma forma de trabalho. Quando os grupos tribais da pré-história começaram a se organizar minimamente, e distribuir tarefas, começa aí o desenvolvimento da cultura.

Como vocês já estão estudando o tema TRABALHO com a Fer, vou passar para o próximo tópico.
Bom, com o desenvolvimento do trabalho, da cultura e com o aumento da complexidade social, o homem teve que desenvolver também, um meio de comunicação eficiente. Para que? Oras, para transmitir mensagens importantes para seus companheiros. Para avisar sobre inimigos, para organizar táticas de caça, para procriar e gerencial o clã.

Linguagem corporal
À esq.: Dominância
À dir.: Imparcialidade
Essa comunicação se dá na forma de linguagem. A linguagem pode se apresentar de diversas formas: escrita, vocal, artística (pinturas, música, esculturas, arquitetura), visual, enfim. É a maneira mais eficiente de compreendermos o mundo e transmitir/receber as informações.

Mas vejam, da mesma forma que a linguagem permite que nos comuniquemos, ela também é responsável por limitar muitos de nossos pensamentos. Usamos a linguagem para capturar um elemento do mundo, tirá-lo da realidade e manifestá-lo na imaginação. Fazemos isso para conceituar praticamente tudo que nos cerca.

Milk Shake de Nutella que eu
tive o prazer de provar em SP
Quando eu digo MILKSHAKE DE CHOCOLATE, eu retiro da realidade a manifestação material do milkshake e passo a significá-lo somente em minha mente. O milkshake real perde, assim, todas as suas características e potencialidades e se torna um milkshake imaginário, limitado somente às nossas experiências anteriores com milkshakes. Vemos então, que a linguagem é uma ferramenta limitadora da realidade.

Mas não podemos pensar apenas no caráter limitador da palavra. Estamos discutindo filosofia e temos sempre que olhar para os dois (ou mais) lados de tudo. 

Ao mesmo tempo que a linguagem conceitua (e consequentemente limita a realidade), ela nos permite alcançar situações e nos transmitir experiências que não conhecemos e nunca vivemos. Podemos sair momentaneamente do que é concreto e viajar naquilo que, de outro modo, não seria possível. Ou ainda, transpassar (mesmo que às vezes ainda não de muito certo) nossos sentimentos e sensações e dividir as profundezas do nosso espírito com aqueles que amamos.

Terminamos essa aula falando do exemplo fabuloso que foi Helen Keller. Helen foi uma mulher que nasceu com saúde, mas devido a uma doença na infância, perdeu a visão e a audição (e dessa a forma a fala). Aos sete anos de idade (aproximadamente), conheceu sua professora que com o passar do tempo, lhe ensinou a compreender os sinais do mundo de outra forma, que não aquelas as quais estamos acostumados. Helen entrou na universidade, ganhou prêmios, tornou-se filósofa e escritora.

Agora vou lutar contra minha vontade de tomar um milkshake de chocolate de meio litro.

Deixo vocês com o clipe de uma banda muito legal, que possui uma linguagem performática (arte multidisciplinar, que utiliza inclusive o corpo como ferramenta de expressão) muito bacana! 

Abraço!
Gabriel.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sociologia - 4ª aula 09/04/2011

E lá vamos nós, senhoras e senhores!
 Chega de falar sobre trabalho, né?
À partir da última aula, vamos falar sobre as estruturas sociais e as desigualdades.
Mas e aí? 
Por que existem desigualdades?
Como elas se construíram e como são explicadas?
Antes de respondermos essas questões precisamos entender umas coisas antes!

A primeira delas é o conceito de estrutura social.
Podemos dizer que uma estrutura social é o que define determinada sociedade.
Mas como isso?
Ela se constitui da relação entre vários fatores: econômicos, políticos, históricos, religiosos, culturais, que dão cara a nossa sociedade. Gosto muito da imagem a seguir, ela reflete bem todos esses elos que compõe a estrutura social.

Uma das características da estrutura de uma sociedade é sua estratificação.
mas o que é essa tal estratificação?
É a forma com que as pessoas são classificadas em camadas sociais e o modo como ocorre a mobilidade de uma classe para outra.

Octavio Ianni, sociólogo brasileiro, analisa a estratificação da seguinte maneira: baseada na forma com que os indivíduos organizam a produção econômica e o poder político, sendo estes atravessados por outros elementos: religião, etnia, sexo, tradição e cultura, que influenciam no processo de divisão social do trabalho e no processo de hierarquização. Ele também afirma que a estratificação é um processo histórico.


Hm, então vamos tentar entender um pouco de história!
Vamos pensar no sistema de castas, estamentos e classes sociais.

Para explicar o sistema de castas, mostrei na aula esse vídeo com os atores da novela Caminhos das Índias, falando sobre essa estratificação:

Já visto as castas, podemos exemplificar os estamentos com a sociedade feudal, já abordada nas nossas últimas aulas. Onde vimos até a existência de uma mobilidade social, mesmo sendo mínima. 
Lembram dessa imagem?

Bom, mas vamos pensar no que diferencia um estamento da classe social!
Nos estamentos, um nobre pobre, nas consciência social da época, e na realidade das relações sociais, valia muito mais do que um pobre pobre.
Atualmente, se alguém decide dar esmola, a uma pessoa que está em situação precária, jamais leva em consideração as diferenças sociais de origem do pedinte, porque parte da idéia de que elas são puramente econômicas.

Começamos a abordar as diferenças sociais, e tentamos abordar históricamente a pobreza.


No período medieval a pobreza até apresentava um lado positivo: a caridade e a redenção. Mas o pobre era complementar ao rico e a pobreza era decorrente das guerras e outras adversidades.

À partir do século XVI, o pobre se encontra em uma grande ambiguidade, por um lado representava a pobreza de Cristo e por outro era considerado um perigo para a sociedade, uma ameaça social. A solução da época era a disciplina por enquadramento, onde o Estado passa a se tornar responsável por cuidar dos pobres.

Com os avanços comerciais, surge uma necessidade de grande mão de obra. E a pobreza e a miséria, passam a ser considerada preguiça e indolência dos trabalhadores. Forçando os trabalhadores a se sujeitarem ao trabalho industrial.

No final do século XVIII, o fortalecimento das idéias liberais, gerou outra explicação para a pobreza vigente, já que as pessoas se tornaram responsáveis pelo seu próprio destino. E ninguém passou a ser responsável a dar trabalho e assistência aos pobres.

No século XIX, o economista, Thomas Malthus, que dizia que a população crescia mais do que os meios de subsistência, considerava que toda a assistência dada aos pobres era negativa, porque o estimularia a continuar naquela situação e ter mais filhos, aumentando sua miséria.
Os trabalhadores eram vistos como transmissores de doenças, devido às péssimas condições de trabalho,e ainda pairava a idéia de que eles poderiam se rebelar a qualquer hora.

Mas e na sociedade capitalista?

Mas à partir do capitalismo, podemos encarar as classes sociais das seguintes formas: à partir dos processos produtivos, onde temos uma hierarquização em burguesia industrial, burguesia financeira, média burguesia e a classe trabalhadora e operária. e também pela capacidade de consumo, onde temos a divisão em classes A, B, C, D e E.

Mas como estratificamos uma sociedade?
Através da apropriação de riquezas, capacidade de decisões políticas, e apropriação de bens simbólicos (educação, e bens culturais).

E com relação à mobilidade social capitalista?
Vimos na aula que  sim , ela existe, mas não de maneira tão ampla como se costuma dizer. Temos barreiras para a ascensão social, que não estão escritas e nem declaradas abertamente mas estão dissimuladas nas formas de convivência social.
O capitalismo traz a idéia de que um indivíduo competente pode vencer na vida, ou " os capitalistas de hoje, foram os trabalhadores de ontem e os trabalhadores de hoje, serão os capitalistas de amanhã".
Será que com o capitalismo todos passam a ter as mesmas oportunidades e pelo trabalho podem prosperar e enriquecer?
Fica pra pensar!

Concluímos a aula com as idéias de Max Weber, em que considera as estratificações provindas de 3 setores: o econômico, o social e o político.
 Afirma que as pessoas possam tem rendas e posses, mas não prestígio, nem estatus, nem posição de dominação. Sendo pra ele, todos esses fatores componentes dessa estratificação.
A luta de classes, para Weber, diferentemente de Marx e de Durkheim, também ocorre entre indivíduos de mesmas  classes sociais, mas não as considera como motor da sociedade e sim manifestações de manutenção de poder, renda ou prestígio.


Vou ficando por aqui!
Espero que todos tenham ido bem no simulado!
Beijos 
Fernanda

Sociologia - A questão do trabalho no Brasil

Boa noite pessoal!
Como prometi, irei complementar a aula, comentando a questão do trabalho no Brasil!
Bom... lá vamos nós!

Quando a agente pensa a questão do trabalho no Brasil, não podemos esquecer que ele está ligado ao envolvimento do país na trama internacional, desde que os portugueses chegaram por aqui no século XVI.
Vamos lembrar que a descoberta do Brasil ocorreu por causa da expansão européia e pelo desenvolvimento mercantilista. A produção agrícola para a exportação e a presença da escravidão no Brasil também estão vinculados à vinda dos europeus.

No final do século XIX, com a abolição da escravidão, encerrou-se um período de mais de 350 anos de predomínio do trabalho escravo. Só convivemos com a liberdade formal de trabalho há pouco mais de cem anos. Esse passado de escravidão continua pesando.

Mas como foi esse processo?

Nas primeiras décadas após a escravidão, os proprietários de terras procuraram trazer imigrantes para trabalhar em suas terras. Essa importação de colonos era feita com a ajuda do governo das províncias, que arcava com os custos da importação e ainda subvencionava as empresas agenciadoras de mão de obra estrangeira. O sistema então adotado ficou conhecido como colonato, pois as famílias que aqui chegavam, assinavam um contrato com os seguintes termos: o fazendeiro adiantava uma quantia necessária ao transporte e aos gastos iniciais de instalação e sobrevivência dos colonos e de sua família. Estes, por sua vez, deviam plantar e cuidar de um determinado número de pés de café. No final da colheita, seria feita uma divisão com os proprietários. Os colonos eram obrigados a pagar juros sobre o adiantamento e não podiam sair da fazendo enquanto não pagassem sua dívida, o que demorava muito. Assim se criava, o que na época era chamado de "parceria do endividamento", porque o colono não conseguia pagar o que devia ao fazendeiro, fazendo passar essa dívida de pai para filho.

 Achei esse vídeo, que ilustra bem esse período:


A partir do século XX, os trabalhadores urbanos passaram a reivindicar melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária semanal, melhorias salariais e, ainda, normatização do trabalho de mulheres e crianças, que eram empregadas em grande número e ainda mais exploradas do que os homens.
Diante das condições de vida e de trabalho precários, os trabalhadores iniciaram vários movimentos para modificar essa situação.

Com o desenvolvimento industrial crescente, as preocupações com o trabalhador rural continuaram a existir, mas a atenção maior das autoridades voltava-se para as condições do trabalhador urbano, que determinaram a necessidade de uma regulamentação das atividades trabalhistas no Brasil. Isso aconteceu pela primeira vez  em 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas no poder.

entre 1929 até o final da Segunda Guerra Mundial, buscou-se uma ampliação do processo de industrialização no país, o que significou um aumento substancial do número de trabalhadores urbanos. Mesmo o Brasil da época sendo um país em que a maioria da população vivia em zona rural. Mantinha-se uma estrutura social, política e econômica vinculada à terra.

As transformações que foram ocorrendo depois mudaram a face do país, mas o passado continua influindo, principalmente nas concepções de trabalho. Quem nunca ouviu a expressão: "trabalhei hoje como um escravo!", ou mesmo percebeu o desprezo pelo trabalho manual e pelas atividades rurais, que lembram um passado do qual a maioria das pessoas quer fugir.

Mas e a situação atual do Brasil, como anda?

Nos últimos sessenta anos, convivemos no país, simultaneamente, com várias formas de produção.
Vamos pensar em exemplos dessa diversidade.
- Temos os trabalhadores, indígenas ou não, que tiram seu sustento coletando alimentos da mata, conhecidos como povos da floresta; 
- Trabalhadores da agropecuária, compreendendo os que ainda trabalham com enxada e facão e os que utilizam maquinários da mais alta tecnologia;
- Trabalhadores empregados em indústrias de transformação ou de produção de bens, seja em grandes empresas nacionais ou internacionais, ou em pequenas fábricas "de fundo de quintal";
- Trabalhadores nos setores de serviços e de comércio, que reúnem a maioria das pessoas;
- Trabalhos administrativos, em empresas de organização públicas e privadas, desenvolvendo desde as atividades mais simples, como servir cafezinho, até as mais completas, como gerenciar uma equipe;
- Crianças que trabalham em muitas das atividades descritas;
- Trabalhadores submetidos à escravidão por dívida.

Em 2005 a maior parte da população vivia em zona urbana, completamente diferente da população essencialmente rural de sessenta anos atrás. Isso significa, que em apenas sessenta anos, tivemos uma transformação radical no Brasil.


O processo de urbanização criou uma situação completamente nova no Brasil, a tal ponto, que nem a agropecuária e nem a indústria são hoje os setores que mais empregam. O perfil de trabalho no Brasil mudou, e com isso, as oportunidades de trabalho também.

Mas e a questão do desemprego?

O desemprego, mesmo depois de tantas mudanças, continua sendo um dos grandes problemas nacionais.

Na agricultura houve a expansão da mecanização, ocasionando a expulsão de inúmeras pessoas, que tomaram o rumo das cidades.
Na indústria a crescente automação das linhas de produção também colocou milhares de pessoas na rua.
Pra termos uma idéia do que aconteceu nesse setor, na década de 1980, para produzir 1,5 milhões de veículos, as montadoras empregavam 140 mil operários. Hoje para produzir 3 milhões de veículos, as montadoras empregam apenas 90 mil.

Esse quadro só poderá ser mudado com mais desenvolvimento econômico, dizem alguns. Outros afirmam que é impossível resolver o problema na sociedade capitalista, há ainda os que consideram o desemprego uma questão de sorte.
Todas essas explicações podem conter um fundo de verdade, mas, está faltando uma explicação, que deixará claro que o desemprego não é uma questão individual nem culpa do desempregado. Essa explicação está na política econômica desenvolvida no Brasil há décadas. É também resultado de uma política monetária de juros altos.

Acredito que somente será possível resolver a questão do emprego e da renda no Brasil com a ampliação da presença do Estado nos mais diversos setores - educação, saúde, segurança, transporte, cultura, esporte, lazer-, o que envolverá a contratação de milhares de pessoas, além de investimentos maciços em estradas, habitação e obras públicas.

Qualquer dúvida, comentário, estamos por aqui!
Beijos 
Fernanda

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sociologia

E aí pessoal?
Como estão por aí?
Antes de postar a aula que darei amanhã, queria deixar para vocês indicações de alguns livros que eu utilizo para montar nossas aulas!




Fica a dica! 
Beijos
Fernanda

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sociologia - 3ª aula 02/04/2011

E aí pessoal, como vão estudos?
Na nossa terceira aula abordamos o trabalho na sociedade capitalista.
Como vimos na aula anterior, a crescente divisão do trabalho é uma das características das sociedades modernas.  Os sociólogos clássicos, Émile Durkheim e Karl Marx, já conhecidos nossos, têm visões diferentes sobre essa questão.

Para Karl Marx, a divisão social do trabalho é realizada no processo de desenvolvimento das sociedades. Ele quer dizer que, conforme buscamos as nossas necessidades, estabelecemos relações de trabalho e maneiras de dividir as atividades.
Na aula, usamos o exemplo das sociedades tribais, onde a divisão era feita com base nos critérios de sexo e idade, quando as atividades de agricultura e pastoreio começaram a ser praticadas, as funções se dividiram entre quem plantava, quem cuidava dos animais e quem caçava. Com a formação das cidades, houve a divisão entre o trabalho rural e o trabalho urbano. O desenvolvimento da produção e seus excedentes deram lugar a uma nova divisão entre quem administrava (o diretor ou gerente) e quem executava (o operário).


Marx considera que a mecanização revolucionou o modo produtivo, mas deixou o trabalhador completamente subordinado às máquinas. O trabalhador passa a ter somente sua força de trabalho para vender, se não vendê-la o empresário não tem que opere as maquinas. Marx chama isso de relação entre iguais.
Será que essa relação é entre iguais mesmo?
Vamos pensar na seguinte situação: um trabalhador é contratado para trabalhar em uma empresa, por oito horas diárias, recebendo um determinado salário. O dono da empresa, passa a ter o direito de usar sua força de trabalho dentro da empresa. O que acontece, é que em cerca de 4 a 5 horas de trabalho diário, o trabalhador já produz o referente ao seu salário. O resto que produz vai para a acumulação de capital do empresário. O que se produz nesse período Marx chama de mais valia, e a divide em dois tipos: a mais valia absoluta, que se caracteriza pelo aumento das horas de trabalho, e a mais valia relativa, caracterizada pelo uso de equipamentos e tecnologias que tornem o trabalho mais produtivo, mantendo o mesmo número de funcionários pelos mesmos salários.

Quando os trabalhadores se viram nessa situação, trabalhando tanto e continuando miseráveis, começaram a surgir os conflitos entre  os capitalistas e os trabalhadores. Como exemplo temos o ludismo (movimento dos destruidores de máquinas) no século XVI, e as greves, presentes até hoje.

Vimos a visão do Marx. Mas qual era a visão de Durkheim?


Durkheim procura demonstrar que a crescente especialização do trabalho, vinda com o desenvolvimento da produção industrial, trouxe um forma superior de solidariedade, e não de conflito.

Mas como assim solidariedade?
Para ele há dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica, muito comum nas sociedades menos complexas, onde o que une as pessoas não é o fato de uma depender do trabalho da outra, mas a aceitação do conjunto de crenças, tradições e costumes comuns.
Com a especialização do trabalho, surge uma nova forma de solidariedade, a solidariedade orgânica, onde o que une os indivíduos é a interdependência das funções sociais, em virtude da divisão do trabalho. 
O exemplo do pão, da aula passada, se encaixa aqui. Precisamos de diversos profissionais, das mais diversas áreas, para suprir as necessidades do nosso dia a dia.
Durkhein aborda que os conflitos surgiram com a falta das instituições e normas integradoras que permitissem a solidariedade.

Max e Durkheim influenciaram outras idéias no século XX.

Vimos que o desenvolvimento contínuo dos sistemas produtivos originou uma divisão do trabalho muito bem organizada, detalhada e encadeada. Henry Ford, a partir de 1914, implantou na sua fábrica de automóveis diversas mudanças visando a produção em série de seu produto. Ele estabeleceu um salário de 5 dólares por dia e jornadas de trabalho de oito horas diárias, o que para a época significava ter tempo e renda suficiente para o sustento, lazer e até adquirir um dos automóveis produzidos pela empresa. Iniciando a produção e o consumo em larga escala. Essa forma de organização ficou conhecida como fordismo.
Frederick Taylor aprimora as idéias de Ford, propondo a aplicação de princípios científicos na organização do trabalho, buscando uma maior racionalização do processo produtivo.

O fordismo-taylorismo tornou-se tão forte, que penetraram em todas as organizações sociais, que buscam de uma forma ou de outra, o controle e a eficiência das pessoas.


Mas o que acontece no pós fordismo?
Quais as mudanças recentes no mundo do trabalho?

Vimos que o pós fordismo, é um período também chamado de fase de acumulação flexível. Essa flexibilização pode ser de duas formas. A flexibilização dos processos de trabalho e de produção, que ocorre com a automação e portanto com a perda do controle manual por parte do trabalhador, onde a especialização passa a ser de grande importância para os trabalhadores, e a flexibilização e mobilidade de mercados, onde o trabalhador passa a ter o dever de se adaptar às mudanças.
A nova configuração do trabalho mundial cria uma série de incertezas e inseguranças aos trabalhadores.
Fazendo surgir uma maior mobilidade dos mercados de trabalho, os empregos passam a utilizar as mais diferentes formas de trabalho: doméstico, temporário,autônomo, por hora, como uma tentativa de maior inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho.

Concluímos a aula com um questionamento (um pouco assustador!) de um sociólogo francês, chamado Robert Castel. Ele questiona se a sociedade salarial não estaria no fim. Ele argumenta que o trabalho e a previdência não dão mais segurança à ninguém. Considera que a crescente desestabilização dos estáveis ( as pessoas que tem emprego estão sendo invalidadas por vários motivos: idade, formação insuficiente, jovens de mais para se aposentar),  a precariedade do trabalho (trabalhos instáveis, bicos), o déficit de lugares e a qualificação do emprego (jovens não sendo contratados pela falta de experiência, qualificação de mais para empregos inferiores) criam indivíduos com dificuldades de se integrar na sociedade, considerando-se inúteis sociais.
O que vocês acham?

Deixo algumas charges e tirinhas divertidas!





Bons estudos!
Beijos Fernanda











Filosofia - Sobre a segunda aula, do dia 26/03 (Parte 2)

Voltei! E vamo que vamo, pq o tempo é curto.

Tínhamos parado então nos primórdios da humanidade. O homem primitivo, Homo sapiens, possuia uma capacidade intelectual mais desenvolvida que o Homo neanderthalensis, o que permitiu a sobrevivência da nossa espécie. Sobrevivemos, não vivendo solitários, jogados ao léu, no vasto mundo natural, mas sim em grupos, mais capazes de sobreviver e aumentar o número dos seus constituintes. É lógico pensar que um grupo com maior número tem maior chance de ter boas idéias, caçar animais maiores e facilitar a reprodução da espécie.

Há um filme bastante hollywoodiano que mostra um pouco essa questão. O filme se chama "10.000 A.C."
Eis o trailer:


Claro, que nesse filme o homem já tinha começado o processo de socialização, mas vamos falar disso daqui a pouco. Nós vimos que, ao criar ferramentas, grupos e desenvolver técnicas que facilitassem suas atividades diárias, o homem começou a se distanciar do mundo natural.

E nos perguntamos: O que é natural?
Natural é aquilo que constitui o nosso mundo, o ambiente? A chuva, o vento, as plantas...
Natural é aquilo que é normal nos outros? Posso dizer: É natural que aquela criança chore depois de machucar o joelho (será que todas as crianças choram ao machucar o joelho?).
Nossos hábitos são naturais? Nossos gostos, preferências, etc?

Se pensarmos no homem pré-histórico (Homo sapiens), temos algum hábito que conservamos desde aquela época?

Marilena Chaui conceitua natural como sendo "uma coisa que existe necessariamente (não pode deixar de existir) e universalmente (em todos os lugares, em qualquer período de tempo)".
Se pensarmos assim, quase nenhuma característica humana se preservou desde a pré-história (salvo alguns comportamentos instintivos) até os dias atuais. 

Podemos pensar, por essa linha de raciocínio, que o homem é mais cultural do que natural. Mas o que é cultura? Podemos chamar de cultura muitos elementos da nossa sociedade. Podemos dizer que cultura é a arte de uma sociedade, a música, os costumes, a arquitetura, a religião, enfim.
Se traduzirmos a palavra CULTURA para o latim, teremos Colere, um verbo que significa todo tipo de cuidado com vários elementos do cotidiano, como o cuidado com a terra, com os deuses, com os outros.

Os gregos e romanos pensavam que o homem era natural, e que a cultura que o homem possuía era uma espécie de natureza, superior as outras, que dotava ao homem, poder de dominar suas outras naturezas, inferiores e destrutivas.

Com a natureza cultural do homem, ele podia desenvolver suas qualidades, e ser bom, belo e virtuoso. Aqui, a cultura ganha caráter de aprimoramento, ou seja, ser culto é estar inserido em um PROCESSO de evolução. Para que o homem se aprimorasse e desenvolvesse suas capacidades, ele deveria educar seu corpo, suas virtudes e seu intelecto, pelo advento da gramática, astronomia, geometria, oratória, filosofia, entre outras linhas do conhecimento.

Falamos então do Hércules, um personagem mitológico (o que é mito?) que procura desenvolver suas capacidades físicas, virtuosas e intelectuais para se tornar um deus verdadeiro e ganhar um lugar no Olimpo.

E essa idéia de cultura permaneceu por muito tempo, até chegar o século XVIII, conhecido como o período das revoluções. No séc. XVIII, com o impulso da revolução industrial, o homem passa a abandonar essa idéia de ser natural. Isso porque alguns pensadores dizem que natural é aquilo que obedece ás leis do acaso, e o homem não vive mais sobre as influências aleatórias do mundo. O homem é dotado de livre vontade, e isso faz com que ele deixe de ser natural. A própria significação de cultura muda, no séc. XVIII. Culto não é mais aquele em processo de desenvolvimento de qualidades; cultura é o RESULTADO da educação.


Dessa forma, culto é o homem que recebeu educação e vive afastado da natureza, ou seja, na civilização.

Abraço!
Gabriel


Filosofia - Sobre a segunda aula, do dia 26/03 (Parte 1)

Bom dia, mortais! Bom, vamos à segunda aula.

Naquela aula começamos revisando o conteúdo da aula anterior. Revisamos o relativismo, a mudança constante do indivíduo e a construção do indivíduo pela sociedade. A Fernanda também retificou muito bem esse conteúdo com o caso das crianças selvagens. Há um filme (pode ser um pouco dificil de assistir, já que o filme é bastante antigo e quase não tem falas ou trilha sonora) muito bom que também ilustra a construção do indivíduo.


O filme é "O Enigma de Kaspar Hauser", e conta a história de um homem que foi mantido em cativeiro desde bebê. Muito interessante, vale a pena incluir na lista de filmes assistidos.

E dando sequência ao tema de transformações e construções, falamos da morte.
Falamos que o homem é o único animal (há controvérsias, logicamente) que sabe que vai morrer, e tendo consciência dessa finitude, ele passa a criar meios de afirmar sua existência e de adiar a possível morte.
Representação de caça encontrada no
 Rio Grande do Norte:uma das mais antigas
 pinturas rupestres do mundo (Foto de César Barreto) 
Dissemos que a morte é o fenômeno mais decisivo na vida do homem. Tudo em nossa vida se relaciona, de um certo modo, com o nosso fim inevitável. O medo da morte, então, passa a ser a força criadora da necessidade de expressão. O homem deseja expor seus medos e anseios perante a morte, na forma de pinturas (registrando seu cotidiano), na forma de construções (túmulos ou memoriais), música, poemas, enfim.

Como diria Jack Sparrow, em Piratas do Caribe 3 (No Fim do Mundo), "A morte tem um jeito estranho de redefinir prioridades." E ainda falando desse filme, podemos notar o desejo desesperado por Jack para conseguir a vida eterna. O Persongem tem TANTO medo de deixar de existir, que, ironicamente, passa por situação de quase morte o tempo inteiro, só para fugir dela.
Depois citei um trecho do livro As Intermitências da Morte, de José Saramago: Se filosofamos, é por saber que morreremos. Monsieur de Montaigne já tinha dito que filosofar é aprender a morrer.

Pois bem. Demos sequência estudando o início da vida. E por que temos que passar por esse caminho, se estamos conversando sobre filosofia? Não deveríamos falar só de filósofos conhecidos e temas filosóficos? Ora, filosofia também é o começo das coisas. E o fim. E o meio. Filosofia é de tudo um pouco. Todos as grandes (e pequenas) áreas da ciência de sobrepõem na filosofia e são compostas de filosofia. Então voltemos ao assunto.

Modelo do BigBang em Fibra Ótica
O começo da vida! Há teorias diferentes para explicar o surgimento da vida na terra. Eu lancei mão de duas em particular (criacionismo e evolucionismo) e me apropriei do evolucionismo para termos uma noção científica (positivista) do assunto.

E antes mesmo da vida, veio o BigBang, aquela grande explosão que deu origem a todas as coisas. Mas veja como até nossa ciência tem um ponto cego: O que veio antes do bigbang? Simplesmente não temos a menor idéia. (E isso é fantástico!)

Existem milhares de teorias ao redor do BigBang, cada uma mais interessante do que a outra.
Aqui, algumas sugestões de leitura: Matéria Especial da Revista Super Interessante de Abril
30 mistérios da Ciência - Revista Super Interessante

Enfim. Toda a matéria do universo se condensou em um único ponto, do tamanho da cabeça de um alfinete. Por alguma perturbação, o equilíbrio ali presente foi rompido, a cabeça de alfinete explodiu e o que antes era preenchido pela não existência, passou a ser engolido por matéria, energia, espaço, tempo e todas as outras dimensões que desconhecemos atualmente. Sabemos hoje, que o universo está em constante expansão. Nosso universo ainda engole a não existência que habita fora de seus limites.

Via Láctea, vista da terra. As núvens
negras são compostas de hidrogênio
molecular e poeira cósmica, à temperatura
 de zero absoluto, de onde nascem as estrelas.
Depois de alguns bilhões de anos, nosso singelo planeta começou a se esfriar, num lugar remoto do universo, perdido num cantinho de uma galáxia enorme, chamada Via Láctea. Depois de esfriar completamente, a vida, quase que por um acaso, surgiu na forma de coacervado (a primeira célula do mundo, Teoria de Oparin).
Esse coacervado se dividiu e... depois de sucessivos eventos aleatórios na natureza, de tentativa, erro e sucesso, cá estamos nós.

(Eu dei um pulo imeeeeeeeeeeenso na evolução. Dêem uma procurada no assunto, é muito interessante. Aqui tem mais um link: Origem da vida)

Vamos nos concentrar no homem primitivo, no Homo sapiens. O Homo sapiens teve vantagem evolutiva sobre o Homo neanderthalensis, uma outra espécie semelhante a nossa, que surgiu antes da nossa e se extinguiu um pouco tempo depois de nos estabelecermos. Nossa espécie se desenvolveu graças a nossa capacidade de raciocinar e desenvolver ferramentas que facilitassem nossas vidas.

Mortais, infelizmente estou completamente sem tempo.
Terei que terminar de passar o restante do conteúdo mais tarde.
Mas não fiquem aflitos, depois eu volto. rs
Fiquem então, com uma música que estou ouvindo agora:

Abraço! Até depois.
Gabriel

terça-feira, 5 de abril de 2011

Viviane Mosé e os desafios da educação

Fazendo um parênteses no post da Fe, sobre o trabalho e a produção em massa, venho falar de um programa do café filosófico sobre educação.

Quem fala no programa é a Viviane Mosé, uma filósofa que eu gosto muito. Ela aborda, no programa, a questão do modelo escolar, que é muito parecido com a produção em massa.

O que isso significa? Significa que a escola produz alunos em massa. Somos um objeto processado numa linha de montagem, com forma e função pré-definidas pela instituição educadora.

O programa pode ser visto pelo link
Café Filosofico: A educacao, por Viviane Mosé

Assistam! Vale a pena!
Abraço!
Gabriel