quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Filosofia - Sobre a sexta aula, do dia 30/04

Vambora que eu tô no pique, hoje! Aheauioehua
No post anterior, discorremos sobre a verdade das coisas. É importante estarmos sempre ligados na possibilidade de estarmos aprisionados em alguns dogmas invisíveis que arrastamos em nossas vidas. É normal, acontece.

Mas não podemos estar constantemente sob a influência deles. É difícil enxergarmos a verdade, como já havíamos dito, mas isso não significa que devemos deixar de buscá-la. Aquele nosso amigo, o Kant, disse que é importante atentarmos para a existência de outra possível verdade por trás daquilo que acreditamos ser real. Isso faz com que nós despertemos de nosso sono dogmático. Palavras do cara.


Mas ainda com a dúvida que Nietzsche levantou sobre a verdade: Para quê e por que a verdade?

Para que precisamos tanto dela em nossas vidas? Arrisco dizer que a resposta é ousada: Para sermos felizes.
Poxa vida, por qual razão fazemos tudo o que fazemos nessa vida? Para quê vamos estudar, trabalhar, paquerar na praça, praticar esportes...  senão para sermos felizes?

Nietzsche propôs uma alegoria interessantíssima para avaliarmos o nível de felicidade em nossas vidas. Chama-se a alegoria do eterno retorno.

E também discutiu duas idéias, sobre a negação do presente, em busca daquilo que nunca se tem. Essas idéias sobre a negação do presente chamam-se niilismos.
Antigamente, lá pelos idos da idade média, as pessoas deixavam de viver o presente em busca da salvação pós-vida. Todos os atos contidos ou conquistas de vida visavam a recompensa depois da morte. Esse niilismo era denominado NIILISMO NEGATIVO.
Vivemos para trabalhar, ou trabalhamos
para viver?

Hoje também negamos o presente, em nome de algo que não é tão distante quanto o pós-vida, mas mesmo assim é inalcançável: o futuro promissor. Buscamos sempre o “algo a mais” para nossas vidas. O sucesso, o prestígio, a cura para todos os nossos problemas. Então continuamos a dizer “o futuro vai ser melhor”, e nos esquecemos de melhorar o nosso presente. Esse niilismo é denominado NIILISMO REATIVO.

E desejamos o tempo todo. Schopenhauer, filósofo alemão inspirador de Nietzsche, dizia que o desejo é a essência fundamental do homem e de todas as coisas. Tudo deseja o tempo inteiro, tudo deseja se transformar completamente.

Tio Art (Apelido carinhoso que dei ao nosso amigo Artur Schopenhauer) disse: “Os homens, dominados pela vontade, vivem num fluxo incessante de desejos e oscilam assim, continuamente, entre a dor, quando o desejo não é satisfeito, e o tédio, quando a vontade não encontra mais objeto de satisfação.”

Manja aquele domingo em que ninguém posta nada no seu facebook, nem no seu Orkut... o twitter está abandonado às traças, você já atualizou 300 mil vezes o seu perfil e tudo o que você ouve de fundo é a voz do Faustão dizendo “Oloco meu!”... e você tem vontade de se jogar pela janela, dominado por aquele tédio mortal e corrosivo? Então. É o seu desejo sem objeto de satisfação. 
Você sofre, porque não sabe mais o que quer fazer, manolo (digo por conhecimento de causa hahaha)!!

Epicuro
Um filósofo que defendia a idéia da vida feliz pelas realizações dos desejos foi Epicuro. Epicuro era um filósofo grego do período helenista (quando a cultura grega se juntou com a romana e foi explorar os cantos do Egito). 

Ele dizia que a verdadeira felicidade poderia ser alcançada com o uso da filosofia e com a realização moderada dos desejos. Mas tinha que ser moderado. Se uma pessoa, na busca pela felicidade, caísse em uma vida de prazeres incontroláveis, impensados e inconseqüentes, ela seria condenada a uma vida de desgraças e sofrimento.

Essa busca inconseqüente por prazeres ganha o nome de hedonismo. Um exemplo de personagem hedonista é Dorian Gray, do romance escrito por Oscar Wilde.
E já que estamos falando de desejos, falemos de amor. Afinal, o amor é uma das manifestações mais intensas de desejo na vida do ser humano (só do ser humano?).

Na filosofia grega, que é a base da nossa filosofia ocidental, o amor pode ser dividido em três formas:
Amor FILIA, que é aquele amor fraternal, em que existe cumplicidade. “Uma mão lava a outra.”.
Amor ÁGAPE, com o qual se ama o outro, sem esperar nada em troca.
E temos o amor EROS, com o qual se ama, entre outras formas, com o corpo.

Alguns filósofos curtem dividir o indivíduo em partes, para entender melhor o funcionamento do conjunto. Platão, por exemplo, divide o ser humano em três almas: A alma superior (ou intelectual), com a qual se pensa; a alma irascível (ou sentimental), com a qual se sente, ama, odeia; e a alma concupiscível, com a qual desejamos as coisas. Para Platão, tudo aquilo que vinha do sentimento e/ou do desejo tinha que ser controlado pelo pensamento, ou seja, pela razão. O homem que se guiar por qualquer outro seguimento de sua alma, que não o seguimento da razão, está fadado à ruína.

Ou seja, se Platão tivesse um conselho amoroso para dar, seria: Ame, mas pense no que está fazendo.
Spinoza, outro amigo nosso, não curtia a idéia de dividir o indivíduo (aquele que é indivisível) em partes. Para ele, somos uma rede complexa e indissociável de ações, emoções, idéias, pensamentos, sensações. E quando amamos, nos tornamos capazes de nos envolver com as alegrias e tristezas dos outros, a ponto de quase fazê-las nossas próprias alegrias ou tristezas.

Como hoje eu não estou nada romântico, vou parar por aqui. Aqui em São Paulo, de onde vos escrevo, está frio, nublado e garoando. No próximo post discutiremos sobre a liberdade, ética e moral.
Vejo-os em breve, mortais!
Abraço.
Gabriel 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Filosofia - Sobre a quinta aula, do dia 16/04

Aháaaaa! Eu disse que voltaria, não disse?
Galera, desculpe pelo atraso. Uma série de fatores complicaram meu tempo hábil para postagens.
(Mas claro que são apenas desculpas, pq qualquer madrugada poderia ser usada a fim de atualizar o blog. Dormir é para os fracos. heiaoheuaioheuo)

Mas vamos lá! Do que estávamos falando mesmo?...
Havíamos falado sobre a loucura, certo? Sobre a ordem do discurso, sobre Freud, sobre o conhecimento e sobre a busca da verdade.

Mas o que é a verdade? Sempre, na história da filosofia, os maiores pensadores (e os menores também, claro), se ocuparam em tentar entender e descobrir tudo sobre a verdade.
Podemos dizer que a verdade é a manifestação pura da realidade, ou seja, a identidade fundamental do universo. A verdade é livre de enganos, suspeitas e ilusões.

A verdade é como o pobre coitado
desse cachorro... todo mundo
acha que entende a verdade...
e faz o que quer com ela...
A verdade parece algo simples de se lidar, não é? Oras, o vento sopra, o sol de põe, tudo o que é vivo morre... e assim por diante. Mas não é tão fácil assim. Nós, humanos, sempre damos um jeito de colocar nosso ponto de vista sobre aquilo que estamos estudando, e isso é HORRÍVEL para a verdade. Nós, humanos, lutamos sempre contra nossa própria natureza para poder lidar com a verdade da maneira mais imparcial possível.

Aí veio Nietzsche e perguntou: Para quê e por quê a verdade?
Linda pergunta!
"E aí, manolo, mesmo que você consiga encontrar esse bagulho aí, chamado VERDADE, você vai fazer o quê com isso?"

Para Nietzsche, a busca pela realidade é uma tarefa quase impossível para o homem. Isso porquê nós usamos elementos criados por nós mesmos para tentar entender algo que está além do nosso alcance.
É a mesma coisa que tentar entender o comportamento de partículas sub-atômicas com uma lupa. Não adianta, a lupa só vai permitir que enxerguemos até um certo limite. Não dá para ver átomos com uma lupa.
Além do que, Nietzsche, assim como vários outros filósofos, defende a idéia de que a verdade é relativa.

Scully e Mulder, personagens
da série "Arquivo X"
- A verdade está la fora...
*musiquinha de assovio de
suspense*
Mas Platão diz o contrário! Platão diz: A verdade EXISTE e está em um mundo perfeito, IDEAL, fora da nossa realidade imperfeita.
E como o platonismo foi uma das bases de fundamentação da igreja católica e islâmica na idade média, a noção de verdade vinculada à idéia de Deus e paraíso corroborou para a criação de muitos dogmas.
[dogma 
(latim dogma, -atis, opinião, dogma, do grego dógma, -atos

s. m.
1. Ponto fundamental e indiscutível de uma crença religiosa.
2. Máxima, preceito.]
Esses dogmas aparecem quando eu pego uma crença pessoal e transformo em verdade absoluta. Isso não acontece só com crenças religiosas. Muita gente por aí adora fazer isso. rsrs
Mas de uma maneira geral, podemos dizer que na idade média, a verdade era única e exclusivamente Deus.

Só que depois de algum tempo e de algumas revoluções, na chegada do iluminismo francês, nosso amigo René Descartes começou a difundir a idéia de verdade científica. Ele, com toda a sua matemática, discutia que a verdade (embora relacionada ainda com Deus) poderia ser encontrada através de uma sequência racional bem estruturada.

Vemos então, que mesmo a VERDADE, que deveria estar livre de todas essas disputas históricas de posse, sofre com a relatividade INERENTE ao homem.
Na Grécia antiga, a verdade era basicamente a natureza. De diferentes pontos de vista, claro, mas de modo geral, era a própria natureza das coisas. Na idade média, a verdade era a manifestação divina. Atualmente, a verdade é científica.

Coitada da verdade. Todo mundo a interpreta da maneira que quiser, e no fim, será que a conhecemos realmente?

Não percam, o próximo capítulo desta emocionante novela mexicana: EM BUSCA DA VERDADE.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Saudade das aulas!

Alunos!!!
Que saudade de encontrar vocês no sábado calorento à tarde! rs
Espero que todo mundo esteja bem e com força total pro vestibular!
Um beijo!
Fernanda Lowndes!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sociologia - 8ª aula 14/05/2011

Boa noite pessoas!
Depois de mais um simulado, cá estamos para mais estudos!

Na nossa aula de sábado, conversaremos sobre o poder e o Estado.
Vamos deixar a História com os professores de História, e vamos mergulhar na Sociologia!

Então... lá vamos nós!

O sociólogo Norbert Elias, em seu livro, A sociedade dos indivíduos,  diz que há uma tendência nas ciências sociais de não considerar o Estado como objeto da Sociologia.
O que vocês pensam disso?
Ele afirma que isso vem de uma antiga tradição intelectual que vê o Estado como algo extrasocial ou até oposto à sociedade.
Desde o século XVIII, o termo "sociedade" - ou "sociedade civil" - era usado como contraposição  a "Estado", pois havia interesse da classe em ascensão, a burguesia, em acentuar essa separação. Com isso, procurava-se destacar a idéia de que uma classe apenas, a nobreza, detinha o monopólio do poder do Estado.

Essa idéia de separação entre sociedade e Estado dominou por muito tempo e prejudicou a compreensão de que o Estado é uma organização encarregada de determinadas funções e de que sua constituição  é um processo histórico como tantos outros.

As teorias sociológicas sobre o Estado, nos levam à Marx, Durkheim e Weber, os três autores clássicos da Sociologia, que tiveram, cada um a seu modo, uma vida política intensa e fizeram reflexões importantes sobre o Estado e a democracia de seu tempo.
Vamos ver o que eles pensavam:

Marx:
Tendo escrito sobre as questões que envolvem o Estado num período em que o capitalismo ainda estava em formação, Marx não formulou uma teoria específica sobre o Estado e o poder. Num primeiro momento, ele se aproxima da concepção anarquista, definindo o Estado como uma entidade abstrata, em contradição com a sociedade. Seria uma comunidade ilusória, que procuraria conciliar os interesses de todos, mas principalmente daqueles que dominavam economicamente a sociedade.
No livro, A ideologia alemã, em 1847, em parceria com Engels,  Marx identificou a divisão do trabalho e a propriedade privada como a base do surgimento do Estado, que seria a expressão jurídico-política da sociedade burguesa. A organização estatal garantiria as condições gerais da produção capitalista, não interferindo nas relações econômicas.

Em 1948, no Manifesto comunista, Marx e Engels afirmaram que os dirigentes do Estado moderno funcionavam como um comitê executivo da classe dominante (burguesia).

Em As lutas de classe na França e O dezoito  brumário de Luís Bonaparte, analisando a situação histórica específica Marx declara que o Estado nasceu para refrear os antagonismos de classe,e, para isso, é o Estado da classe dominante. Mas existem momentos em que a luta de classes é equilibrada e o Estado se apresenta com independência entre as classes em conflito, como se fosse um mediador.
Analisando a burocracia estatal, Marx afirma que o Estado pode estar acima da luta de classes, separado da sociedade, como se fosse autônomo. É nesse sentido que pode haver um poder que não seja exercido diretamente pela burguesia. Mesmo dessa forma, o Estado continua criando as condições necessárias para o desenvolvimento das relações capitalistas, principalmente o trabalho assalariado e da propriedade privada.
Para eles o desaparecimento do Estado seria resultante da transferência do poder para a federação de associações dos trabalhadores.


No livro: A guerra civil na França, de 1871, Marx analisa a comuna de Paris e volta a olhar a questão do Estado com uma perspectiva que se aproxima da anarquista. O desaparecimento do Estado seria resultante da transferência do poder para a federação de associações dos trabalhadores.

Para Karl Marx o Estado é, portanto, uma organização cujos interesses são os da classe dominante na sociedade capitalista: a burguesia.



Émile Durkheim, ao analisar a questão da política e do Estado, Durkheim teve como referencia fundamental a sociedade francesa de seu tempo. Como sempre esteve preocupado com a coesão social, inseriu-a de forma clara na questão. Para ele o Estado é fundamental numa sociedade que fica cada dia maior e mais complexa, devendo estar acima das organizações comunitárias.

Ele dizia que o Estado "concentrava e expressava a vida social". Sua função seria eminentemente moral, pois ele deveria realizar e organizar o ideário do indivíduo e assegurar-lhe pleno desenvolvimento. E isso se faria por meio da educação pública voltada para uma formação moral sem fins conceituais ou religiosos.

De acordo com ele, o Estado não é antagônico ao indivíduo. Foi o próprio Estado que emancipou o indivíduo do controle despótico e imediato dos grupos secundários, como a família, a Igreja e as corporações profissionais, dando-lhe um espaço mais amplo para o desenvolvimento de sua liberdade.

Para Durkheim, na relação entre o Estado e os indivíduos, é importante saber como os governantes se comunicam com os cidadãos, para que estes acompanhem as ações do governo. A intermediação deve ser feita por canais como jornais e educação cívica ou pelos órgãos secundários que estabelecem a ponte entre governantes e governados, principalmente os grupos profissionais organizados que são a bases de representação política da organização social.

Quando se refere aos sistemas eleitorais, critica os aspectos numéricos do que se entende por democracia. Tomando como exemplo as eleições de 1893 na França, declara que havia no país 38 milhões de habitantes. Tirando as mulheres, crianças e todos que eram impedidos de votar por alguma razão, apenas 10 milhões eram eleitores. Desses 10 milhões apenas 7 milhões foram votar.
Nas palavras dele: ..."se nos ativermos às considerações numéricas, será preciso dizer que nunca houve democracia".


50 anos depois da publicação do Manifesto comunista, num momento em que o capitalismo estava mais desenvolvido e burocratizado, Weber escreveu sobre as questões do poder e da política. 
Questionava: como será possível o indivíduo manter sua independência diante dessa total burocratização da vida?
Esse é o tema central da Sociologia Weberiana.

Ao analisar o Estado alemão, Weber afirma que o verdadeiro poder estatal está nas mãos da burocracia militar e civil. Portanto, para ele, o Estado é uma relação de homens dominando homens, mediante a violência, considerada legítima, e uma associação compulsória que organizava a dominação.
Mas, para que essa relação exista, é necessário que os dominados obedeçam a autoridade dos que detêm o poder. 

Mas o que legitima esse domínio?
Para Weber há três formas de dominação legítima:

A dominação tradicional: legitimada pelos costumes, normas e valores tradicionais e pela"orientação habitual para o conformismo"
A dominação carismática: fundada na autoridade do carisma pessoal, da confiança e na qualidade de liderança individual
E por fim a dominação legal: legitimada pela legalidade que decorre de um estatuto e de regras racionalmente criadas.

Portanto, para Weber o Estado é uma organização sem conteúdo inerente, apenas mais uma das muitas organizações burocráticas da sociedade.

Por hoje é só!
Queria só deixar esse vídeo pra vocês!
Sociologia em desenho, olha só que bacana! rs

domingo, 8 de maio de 2011

Filosofia - Sobre a quarta aula, do dia 09/04

Bom, vamos lá! Faz tempo que não passo por aqui, mas quem é vivo sempre aparece! rs
Estamos aonde? Ainda na quarta aula, não é mesmo? Estou super atrasado! Desculpem!

Começamos a aula fazendo a costumeira revisão, e nela, falamos ainda algo sobre a linguagem.
Nós lemos juntos um texto um tanto quanto pesado de Augusto dos Anjos, para ilustrar que a vida não é só feita de beleza e felicidade; o feio, o horrível e a tragédia também são eventos constituintes do nosso dia-a-dia e precisamos aprender a lidar com isso.


Augusto dos Anjos - A um carneiro morto




Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!



Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!



Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos – fontes de perdão – perdoaram!



Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia do Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!

E assim vemos como a linguagem nos é útil para expressarmos nossos sentimentos negativos. Como diz o trecho do poema "Receita Para Arrancar Poemas Presos", por Viviane Mosé:
 "[...]
Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida.
Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema
[...]"

E vimos também que a linguagem é dotada de semântica. Semântica é nada menos do que o significado da palavra. A semântica estabelece uma ligação íntima entre o que sentimos, pensamos e dizemos, através da linguagem. A linguagem pode se manifestar de diversas formas, como a musical, por exemplo. Esta música se chama Moonlight Sonata (Sonata à luz do luar), composta por Beethoven. 



E para que a linguagem ganhe corpo, ela é composta por sígnos. Signos são, então, os elementos que constituem a forma da linguagem. Na linguagem verbal, os signos são as letras e palavras, que ganham um significado (semântica) quando são encaixados de forma coerente.

Concluímos então, que a linguagem é o conjunto de mensagens transmitidas, contidas no significado dos sígnos que formam as palavras.

Mas vimos que um mesmo signo pode ser dotado de dois ou mais sentidos. E agora? Bom, tudo vai depender do contexto do assunto. Por exemplo, quando eu digo TORTA e TORTA. Estou me referindo à comida ou ao adjetivo?

Esses sentidos diferentes são classificados como:

Conotação: É o uso da palavra com sentido diferente do original.
Por exemplo, posso dizer "Meu coração vai sair pela boca". Não significa que o coração vai realmente sair da cavidade toráxica, romper todas as veias e artérias, invadir o esôfago e por peristalse reversa ser expulso por vômito. Significa apenas um estado de exaltação exagerada.

Denotação: É o uso da palavra com seu sentido original. 
Se eu disser que "meu coração vai sair pela boca", de maneira denotativa, CORRE PRO HOSPITAL!

Michelangelo - A criação de Adão (corte)
E se nós pararmos para refletir de uma forma ainda mais profunda sobre a linguagem, podemos ver que a linguagem é uma ferramenta criada pelo homem. E como usamos a linguagem para estudarmos o universo e desenvolvermos a ciência, de acordo com o pensamento relativista de Nietzsche e Derrida, não podemos realmente nos aproximar da verdade.

Mas apesar dos pesares colocados por estes dois filósofos, a linguagem é uma ferramenta útil para que nós compreendamos grande parte dos fenômenos universais. E compreendemos o universo com o advento da nossa razão, ou seja, da nossa capacidade de pensar ordenadamente. 

Mas ao basearmos a nossa linguagem na razão, estamos excluindo automaticamente aquilo que se insere no campo da não-razão, ou seja, o irracional. Excluindo o irracional de nossa linha de pensamento, excluímos parte do mundo. Mesmo porque, nem tudo é dotado de sentido lógico (ou que consideramos lógico).

Alice no País das Maravilhas - Um elogio à loucura



Para que nossa linguagem seja bem fundamentada na razão e possua um sentido bem estruturado, nós seguimos algumas regras invisíveis de conduta. Como diria Michel Foucault, qualquer um não pode dizer qualquer coisa. E isso traduz a idéia da Ordem do Discurso, colocada por Foucault, para indicar esse conjunto de "leis" que regem a nossa linguagem. Assim, o louco é aquele que, entre outros aspectos característicos, vive às margens da ordem do discurso. 

O louco, estando excluído da ordem racional da nossa linguagem, não consegue se envolver com a verdade dos fenômenos universais. Mas o que é essa verdade da qual tanto falamos? Não percam, o próximo post, "Filosofia - Sobre a quinta aula".

Ah! Feliz dia das mães!
Abraço!
Gabriel.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sociologia - 7ª aula 07/05/2011

E aí pessoal, tudo bem com vocês?
Na nossa próxima aula falaremos sobre Poder, Política e Estado.

Então... lá vamos nós!

Os atos políticos e as ações do Estado fazem parte de nossa vida, e é atuando politicamente que entendemos e assumimos nosso papel na sociedade. Mas, quando ouvem falar em poder e política, as pessoas quase sempre pensam em troca de favores, corrupção e falcatruas, impostos elevados, mau uso do dinheiro público, etc. Essas associações negativas resultam de uma idéia preconceituosa a respeito da política e do papel do Estado, e servem de argumento para justificar a omissão e a recusa à participação nos assuntos políticos.

Muita gente acredita que poder e dominação só podem ser exercidos pelo Estado, mas, tentaremos ver, que há várias outras formas de dominação em todos os setores das relações sociais.


Mas antes de falarmos sobre tudo isso, vamos invadir a História e entender como surgiu o Estado moderno.

O Estado moderno surgiu da desintegração do mundo feudal e das relações políticas até então dominantes na Europa.
Como a gente já comentou nas outras aulas o poder, no período medieval, estava nas mãos dos senhores feudais, que mantinham o controle sobre a maior parte das terras e sobre toda a sociedade.
Esse tipo de dominação foi pouco a pouco sendo minado pelas revoltas dos camponeses, pela recusa no pagamento de impostos feudais e pelo crescimento das cidades e do comércio, desagregando os feudos.

Ao mesmo tempo, à partir do século XIV, começa a ocorrer um processo de centralização e concentração:
- das Forças Armadas e do monopólio da violência
- da estrutura jurídica, isto é, dos juízes e dos tribunais em várias instâncias
- da cobrança de impostos, um signo do poder, e ao mesmo tempo um meio de assegurar a manutenção das Forças Armadas, da burocracia e do corpo jurídico
- de um corpo burocrático para administrar o patrimônio público como as estradas, os portos, o sistema educacional,a saúde, o transporte, e vários outros setores.

Essa centralização e concentração desses poderes e instituições caracterizam o Estado moderno, que assumiu diferentes formas até hoje.

Mas como diria nosso querido Jack Estripador, vamos por partes!

Começando pelo Estado Absolutista



Que surgiu no contexto da expansão do mercantilismo. O Estado Absolutista foi implantado primeiro em Portugal, no final do século XIV, com a revolta de Avis. Mas foi na França, no reinado de Luís XIV, que teve seu ponto alto.
A concentração de poderes no Estado Absolutista pode ser resumida pela frase de Luís XIV (o cabeludo charmoso da foto abaixo): "O Estado sou eu".


Assumindo total controle das atividades econômicas, o Estado intervinha nas concessões dos monopólios, fixava preços e tarifas, administrava a moeda e os metais preciosos. O acúmulo desses bens era a expressão máxima de riqueza de um país. Ele também assumia a responsabilidade de centralizar e praticar justiça, cuidando do contingente militar e criando exércitos profissionais.
E de onde vocês acham que vinha o dinheiro que financiava todas essas atividades?
Para financiar tudo isso foram criados os impostos gerais.
O Absolutismo então, colocou frente a frente os interesses dos estamentos feudais dominantes, a nobreza e clero, e os da burguesia, que estava em ascensão na época. Interesses referentes à justiça, administração do patrimônio público e à administração econômica.

Como reação ao Absolutismo, surge o Estado liberal

Surge no século XVIII, tendo como valores primordiais o individualismo, a liberdade e a propriedade privada. Ganhou grande projeção como adversário da concentração do poder pelo Estado, principalmente no que dizia respeito às atividades econômicas.
O Estado Liberal apresentava-se como representante de toda a sociedade, tendo o papel de "guardião da ordem", não intervindo nas relações entre os indivíduos, mas mantendo a segurança para que todos pudessem desenvolver livremente suas atividades.
Estabelecendo-se assim então a total divisão entre o público e o privado.
Politicamente se fundamentou a idéia de soberania popular, que podemos se ver presente nesse trecho de nossa constituição: "Todo o poder emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." Isso significa que, numa eleição, os votantes se pronunciam elegendo os representantes da vontade popular. O Parlamento, passa então a ser a instituição central do Estado Liberal.
De acordo com o pensamento liberal o Estado não deve intervir na economia, A charge abaixo expressa bem essa concepção:


As atividades econômicas, então, devem ser reguladas por si  mesmas, ou seja pelo próprio mercado. De acordo com Adam Smith, a plena liberdade para a produção e a circulação de mercadorias garantiria, conforme o pensamento liberal, o progresso das empresas e das nações, contribuindo até para a paz mundial.

Todas essas concepções do pensamento liberal começaram a desmoronar no final do século XIX e caíram definitivamente com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Isso porque, a intensa concorrência entre as empresas foi provocando o desaparecimento das pequenas firmas, que faliam ou eram compradas pelas maiores. A concentração foi ficando tão grande e o capital na mão de tão poucos que a concorrência passou a ser entre países, não mais só entre empresas.
A guerra de mercado chegou a vias de fato, ou seja, transformou-se numa guerra de verdade entre os países. As crises econômicas tornaram-se frequentes e competição entre as nações ficou ainda maior. A eclosão da Primeira Guerra teve origem nessas disputas entre as nações européias.




No século XX, a presença foram dos Estados Nacionais

O Estado Liberal então, não dava mais conta da realidade e dos interesses da burguesia. A partir da Primeira Guerra, surgiram novas formas de organização estatal: O Estado fascista e o Estado soviético.

O Estado fascista foi organizado nas décadas de 1920 e 1930, primeiramente na Itália e na Alemanha ( com o nazismo ) e posteriormente em vários países europeus. A participação política foi o que basicamente distinguiu os dois regimes. No estado fascista, a participação política significava plena adesão ao regime e a seu líder máximo, ou seja, ninguém podia fazer qualquer crítica ou oposição ao governo.


Já o Estado soviético decorreu da primeira experiência socialista, iniciada em 1917, na Rússia. Onde procurava-se fazer frente às condições precárias de vida das classes trabalhadoras. 
É bom a gente não esquecer que as idéias socialistas já estavam presentes em toda a Europa há mais de meio século, apenas se concretizavam no momento com a Revolução Russa.
O desafio era criar mecanismos efetivos de participação dos camponeses, operários e soldados, desde que fossem organizados no interior do Partido Comunista, que era a estrutura dominante.


Essas duas forças políticas se confrontaram durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No final do conflito, os vitoriosos dividiram-se em dois blocos: o socialista, liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o capitalista, sob o comando dos Estados Unidos. Os dois haviam se aliado para participar da guerra e da derrocada do fascismo-nazismo.

A URSS organizava-se como um estado planificado e centralizado, cujos órgãos estavam ligados ao Partido Comunista. Não havendo a menor possibilidade de participação política que não fosse através do partido.
Vários outros países da Europa adotaram essa forma de organização do poder: Polônia, Hungria, Iugoslávia e a Alemanha Oriental. Outros países fora da Europa também, como a China continental e Cuba.

Com o processo de globalização crescente e em decorrência de problemas internos, a partir de 1985 a URSS entrou em processo de dissolução. O Estado soviético começou a se desfazer nos países que o adotavam. A queda do Muro de Berlim em 1989, assinalou de modo emblemático o fim do Estado soviético e o questionamento do poder concentrado em um só partido.


 Essa forma de organização estatal continua vigente, com variações, em Cuba, no Vietnã, na Coréia do Norte e na China, com a manutenção de um partido único e a planificação central da economia.

O bloco dos países capitalistas, após a Segunda Guerra, tentou reconstruir a economia ocidental com novas bases. Disseminou-se então a forma de organização estatal chamada de: Estado do bem-estar social.
Mas como assim?
Esse modelo permitia enfrentar, por um lado, os movimentos trabalhadores que exigiam melhores condições de vida, e por outro, as necessidades do capital, que buscava alternativas para a construção de uma nova ordem econômica mundial diante do bloco socialista.
As bases teóricas para tanto, foram dadas principalmente pelo economista John Maynard Keynes na década de 1930, que se fundamenta pelas políticas adotadas pelo governo estadunidense para sair da profunda depressão desencadeada pela crise de 1929.
mas qual a finalidade desse Estado de bem-estar?
Tinha como finalidade e característica básica a intervenção estatal nas atividades econômicas, regulando-as, subsidiando-as, executando grandes investimentos e obras, redistribuindo rendimentos, visando sempre, pelo menos teoricamente, ao bem-estar da maioria da população.
A idéia era romper com o centenário princípio do liberalismo, que rejeitava qualquer função intervencionista do Estado.
Baseado nesses conceitos, os capitalistas modernos propunham moradia digna, educação básica pública, assistência a saúde, transporte coletivo, lazer, trabalho e salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem-estar econômico e social.
Tudo isso feito com investimento maciço do Estado, que redimensionava suas prioridades para proporcionar trabalho e algum rendimento à maior parte da população, para que esta se tornasse consumidora, e assim, possibilitasse a manutenção da produção sempre elevada.
Alguns chamam isso de "cidadania do consumidor", ou seja, a cidadania entendida como um mecanismo de mercado.

Mas, enquanto isso nos países periféricos da América Latina, o que se viu foi uma variedade de formas governamentais, entre as quais as ditaduras que se implantaram por meio de golpes militares. Esses golpes era deflagrados como se fossem constitucionais, isto é, como se tivessem de acordo  com a lei. Uma vez no poder, os golpistas exerciam todo o controle sobre os indivíduos e grupos organizados da sociedade.

Mas estas são cenas dos próximos capítulos!
Por hoje é só!
Até amanhã!
Bom final de sexta feira!
Beijos
Fernanda

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sociologia - 6ª aula 30/04/2011

Boa tarde pessoas!
Na nossa próxima aula, conversaremos sobe as desigualdades sociais em nosso país e começaremos a falar sobre poder, política e Estado!

Então, lá vamos nós!

Pensando historicamente a questão das desigualdades socias no Brasil, percebemos que, com a chegada dos portugueses, elas se instalaram e ficaram!

Inicialmente, os povos indígenas que habitavam o continente foram vistos pelos europeus como seres exóticos, não dotados de alma. Depois dessa concepção, ainda hoje há quem veja os indígenas com muito preconceito, como seres inferiores e menos capazes.

Com a introdução do trabalho escravo negro, milhares de escravos africanos foram retirados de suas terras de origem para enfrentar condições terríveis de trabalho e de vida no Brasil. Até hoje seus descendentes ainda sofrem discriminação e preconceitos pelo fato de serem negros.


À partir do século XIX, com o previsto fim do trabalho escravo, houve um incentivo à vinda de imigrantes europeus, principalmente para trabalho na lavoura de café. Muitos deles vieram pensando em melhores qualidades de vida, mas aqui chegando, encontraram condições de trabalho semi-servis nas fazendas de café.




À medida que a sociedade brasileira foi se industrializando e urbanizando, novos contingentes populacionais foram absorvidos pelo mercado de trabalho nas cidades, processo iniciado no começo do século XX, acerelado na década de 1950, quando se desenvolveu no país um grande esforço de industrialização, trazendo junto a urbanização. Criou-se um proletariado industrial, e milhares de outros trabalhadores foram atraídos para as cidades afim de exercerem as mais diversas atividades.




Com essas transformações, houve um crescimento gigantesco das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona rural.
Como nem toda a mão-de-obra ofertada foi absorvida nos setores industriais e urbanos, e por causa das transformações ocorridas na agricultura, foi se formando nas cidades uma grande massa de desempregados e de semi-ocupados que  viviam e vivem à margem do sistema produtivo capitalista.
Hoje essa massa, praticamente não encontra chance de emprego, por tratar-se de mão-de-obra desqualificada. E é essa mão-de-obra desqualificada que evidencia, sem dúvida nenhuma, como o processo de desenvolvimento do capitalismo foi criando desigualdades, que aparecem na forma de miséria e pobreza crescentes, sendo cada vez mais difícil superar essa situação.




Vários indicadores de desigualdade se encontram em nosso cotidiano. As estatísticas da desigualdade estão todos os dias nos jornais e revistas, e demonstram a gravidade do problema, colocando o nosso país na posição de um dos países mais desiguais do mundo.
Isso não se traduz só em fome e miséria, mas também nas condições precárias de saúde, de habitação, de educação, enfim, em uma situação desumana, principalmente quando se sabe que  a produção agrícola e industrial e o setor de comércio e serviços tem crescido de maneira expressiva em nosso país, demonstrando que a sociedade produz bens e serviços e riqueza, mas eles não são distribuídos de modo que atinjam todos os brasileiros.

A desigualdade a partir do século XIX começa a ser analisada no Brasil, como tentativa de explicar a pobreza relacionando-a  à influencia do clima e à riqueza das matas e do solo. Afirmava-se nessa época que o brasileiro era preguiçoso, indolente, supersticioso e ignorante porque a natureza tudo lhe dava: frutos, plantas, solos férteis, etc. Era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar. Será?
Uma segunda explicação estava vinculada à mestiçagem, onde diversos críticos, como Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Sílvio Romero, foram críticos ferrenhos da mestiçagem e consideravam que os mestiços demonstravam a "degeneração e falência da nação" ou que eram "decaídos, sem energia física dos ascendentes selvagens, sem atitude intelectual dos ancestrais superiores".
Um absurdo!
Entretanto para amenizar esses absurdo dois autores da época pensavam diferente: Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim, afirmavam que graças a raça negra, havia surgido um povo no Brasil, mas que a escravidão e o latifúndio geravam verdadeiras "colônias penais" no interior. Diziam que as populações do interior tinham muita força, cordialidade e uma capacidade de atuar coletivamente, seja por meio de técnicas coletivas de trabalho, seja pelo uso comum de suas posses.

A  partir de 1940 a questão das desigualdades aparecia sob um novo olhar, que passava ainda pela presença do latifúndio, da monocultura e também do subdesenvolvimento. Josué de Castro, procurou analisar a questão da desnutrição e da fome das classes populares explicando-as com base no processo de subdesenvolvimento, o qual gera desigualdades econômicas e sociais entre os povos que, no passado, tinham sido alvo da exploração colonial no mundo capitalista. Defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil.
Victor Nunes Leal em seu livro: Coronelismo, enxada e voto, publicado qm 1948, apresenta o coronel vinculado à propriedade rural, principalmente no Nordeste, como a base de sustentação de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores rurais em uma situação de penúria, de abandono e de ausência de educação.



A relação entre as desigualdades e as classes sociais voltou a ser analisada na década de 1950, numa perspectiva que envolvia a situação dos negros na estrutura social brasileira, procuravam desmontar o mito da democracia racial brasileira, e colocaram o tema raça no contexto das classes sociais. Afirmam que os ex escravos foram integrados de forma precária, criando-se uma desigualdade constitutiva da situação que seus descendentes vivem até hoje.

A partir da década de 1960 outras temáticas sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais existentes. Procuravam entender como ocorreu a formação do empresariado nacional, das classes médias, do operariado industrial e do proletariado rural.

Nas seguintes décadas 1970 e 1980 a preocupação situou-se na análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.




Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados do Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos como cidadãos, mesmo que a maioria ainda estivesse vivendo miseravelmente. 

Já na década de 1990, adicionou-se um novo componente na análise das desigualdades sociais: foco sobre as questões relacionadas ao emprego e as condições de vida dos trabalhadores. A questão racial continuou presente e a questão das classes sociais permaneceu no foco, constatando-se a crescente subordinação do trabalho ao capital, tanto na cidade como no campo. A questão do gênero também ganhou espaço, destacando-se principalmente a situação desigual das mulheres em relação à dos homens.

E ainda nesse período, organismos nacionais e internacionais criaram índices sobre as desigualdades e a pobreza que revelam dados muito interessantes. No Brasil dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que a ONU publica por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Esses índices apontam as mais diferentes formas de desigualdade, deixando de lado a questão das classes sociais e a exploração existente. O fundamental passa a ser quantificar os pobres, os ricos, os setores médios e os remediados da sociedade em números e gráficos a fim de orientar políticas públicas e investimentos nesta ou naquela área. Foi assim que nasceram vários programas governamentais, como o Fome Zero, Bolsa Família, Bolsa Gás, etc.

Embora a situação da classe trabalhadora seja uma constante nos estudos desenvolvidos nos últimos 50 anos, percebemos que a interpretação com base nas análise marxista das classes, que tinha por foco a questão da exploração. foi pouco a pouco perdendo espaço para análises de índices demonstrativos de diversos aspectos das desigualdades sociais, nos vários segmentos e setores da sociedade, sem a preocupação de explicá-los, trazendo com isso algumas controvérsias acerca do real entendimento sobre a questão das desigualdades no Brasil.

Vou ficando por aqui!
Qualquer dúvida já sabem!
Beijos 
Fernanda