Vambora que eu tô no pique, hoje! Aheauioehua
No post anterior, discorremos sobre a verdade das coisas. É importante estarmos sempre ligados na possibilidade de estarmos aprisionados em alguns dogmas invisíveis que arrastamos em nossas vidas. É normal, acontece.
Mas não podemos estar constantemente sob a influência deles. É difícil enxergarmos a verdade, como já havíamos dito, mas isso não significa que devemos deixar de buscá-la. Aquele nosso amigo, o Kant, disse que é importante atentarmos para a existência de outra possível verdade por trás daquilo que acreditamos ser real. Isso faz com que nós despertemos de nosso sono dogmático. Palavras do cara.
Mas ainda com a dúvida que Nietzsche levantou sobre a verdade: Para quê e por que a verdade?
Para que precisamos tanto dela em nossas vidas? Arrisco dizer que a resposta é ousada: Para sermos felizes.
Poxa vida, por qual razão fazemos tudo o que fazemos nessa vida? Para quê vamos estudar, trabalhar, paquerar na praça, praticar esportes... senão para sermos felizes?
Nietzsche propôs uma alegoria interessantíssima para avaliarmos o nível de felicidade em nossas vidas. Chama-se a alegoria do eterno retorno.
E também discutiu duas idéias, sobre a negação do presente, em busca daquilo que nunca se tem. Essas idéias sobre a negação do presente chamam-se niilismos.
Antigamente, lá pelos idos da idade média, as pessoas deixavam de viver o presente em busca da salvação pós-vida. Todos os atos contidos ou conquistas de vida visavam a recompensa depois da morte. Esse niilismo era denominado NIILISMO NEGATIVO.
Vivemos para trabalhar, ou trabalhamos para viver? |
Hoje também negamos o presente, em nome de algo que não é tão distante quanto o pós-vida, mas mesmo assim é inalcançável: o futuro promissor. Buscamos sempre o “algo a mais” para nossas vidas. O sucesso, o prestígio, a cura para todos os nossos problemas. Então continuamos a dizer “o futuro vai ser melhor”, e nos esquecemos de melhorar o nosso presente. Esse niilismo é denominado NIILISMO REATIVO.
E desejamos o tempo todo. Schopenhauer, filósofo alemão inspirador de Nietzsche, dizia que o desejo é a essência fundamental do homem e de todas as coisas. Tudo deseja o tempo inteiro, tudo deseja se transformar completamente.
Tio Art (Apelido carinhoso que dei ao nosso amigo Artur Schopenhauer) disse: “Os homens, dominados pela vontade, vivem num fluxo incessante de desejos e oscilam assim, continuamente, entre a dor, quando o desejo não é satisfeito, e o tédio, quando a vontade não encontra mais objeto de satisfação.”
Manja aquele domingo em que ninguém posta nada no seu facebook, nem no seu Orkut... o twitter está abandonado às traças, você já atualizou 300 mil vezes o seu perfil e tudo o que você ouve de fundo é a voz do Faustão dizendo “Oloco meu!”... e você tem vontade de se jogar pela janela, dominado por aquele tédio mortal e corrosivo? Então. É o seu desejo sem objeto de satisfação.
Você sofre, porque não sabe mais o que quer fazer, manolo (digo por conhecimento de causa hahaha)!!
Epicuro |
Um filósofo que defendia a idéia da vida feliz pelas realizações dos desejos foi Epicuro. Epicuro era um filósofo grego do período helenista (quando a cultura grega se juntou com a romana e foi explorar os cantos do Egito).
Ele dizia que a verdadeira felicidade poderia ser alcançada com o uso da filosofia e com a realização moderada dos desejos. Mas tinha que ser moderado. Se uma pessoa, na busca pela felicidade, caísse em uma vida de prazeres incontroláveis, impensados e inconseqüentes, ela seria condenada a uma vida de desgraças e sofrimento.
Essa busca inconseqüente por prazeres ganha o nome de hedonismo. Um exemplo de personagem hedonista é Dorian Gray, do romance escrito por Oscar Wilde.
E já que estamos falando de desejos, falemos de amor. Afinal, o amor é uma das manifestações mais intensas de desejo na vida do ser humano (só do ser humano?).
Na filosofia grega, que é a base da nossa filosofia ocidental, o amor pode ser dividido em três formas:
Amor FILIA, que é aquele amor fraternal, em que existe cumplicidade. “Uma mão lava a outra.”.
Amor ÁGAPE, com o qual se ama o outro, sem esperar nada em troca.
E temos o amor EROS, com o qual se ama, entre outras formas, com o corpo.
Alguns filósofos curtem dividir o indivíduo em partes, para entender melhor o funcionamento do conjunto. Platão, por exemplo, divide o ser humano em três almas: A alma superior (ou intelectual), com a qual se pensa; a alma irascível (ou sentimental), com a qual se sente, ama, odeia; e a alma concupiscível, com a qual desejamos as coisas. Para Platão, tudo aquilo que vinha do sentimento e/ou do desejo tinha que ser controlado pelo pensamento, ou seja, pela razão. O homem que se guiar por qualquer outro seguimento de sua alma, que não o seguimento da razão, está fadado à ruína.
Ou seja, se Platão tivesse um conselho amoroso para dar, seria: Ame, mas pense no que está fazendo.
Spinoza, outro amigo nosso, não curtia a idéia de dividir o indivíduo (aquele que é indivisível) em partes. Para ele, somos uma rede complexa e indissociável de ações, emoções, idéias, pensamentos, sensações. E quando amamos, nos tornamos capazes de nos envolver com as alegrias e tristezas dos outros, a ponto de quase fazê-las nossas próprias alegrias ou tristezas.
Como hoje eu não estou nada romântico, vou parar por aqui. Aqui em São Paulo, de onde vos escrevo, está frio, nublado e garoando. No próximo post discutiremos sobre a liberdade, ética e moral.
Vejo-os em breve, mortais!
Abraço.
Gabriel
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