domingo, 8 de maio de 2011

Filosofia - Sobre a quarta aula, do dia 09/04

Bom, vamos lá! Faz tempo que não passo por aqui, mas quem é vivo sempre aparece! rs
Estamos aonde? Ainda na quarta aula, não é mesmo? Estou super atrasado! Desculpem!

Começamos a aula fazendo a costumeira revisão, e nela, falamos ainda algo sobre a linguagem.
Nós lemos juntos um texto um tanto quanto pesado de Augusto dos Anjos, para ilustrar que a vida não é só feita de beleza e felicidade; o feio, o horrível e a tragédia também são eventos constituintes do nosso dia-a-dia e precisamos aprender a lidar com isso.


Augusto dos Anjos - A um carneiro morto




Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!



Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!



Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos – fontes de perdão – perdoaram!



Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia do Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!

E assim vemos como a linguagem nos é útil para expressarmos nossos sentimentos negativos. Como diz o trecho do poema "Receita Para Arrancar Poemas Presos", por Viviane Mosé:
 "[...]
Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida.
Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema
[...]"

E vimos também que a linguagem é dotada de semântica. Semântica é nada menos do que o significado da palavra. A semântica estabelece uma ligação íntima entre o que sentimos, pensamos e dizemos, através da linguagem. A linguagem pode se manifestar de diversas formas, como a musical, por exemplo. Esta música se chama Moonlight Sonata (Sonata à luz do luar), composta por Beethoven. 



E para que a linguagem ganhe corpo, ela é composta por sígnos. Signos são, então, os elementos que constituem a forma da linguagem. Na linguagem verbal, os signos são as letras e palavras, que ganham um significado (semântica) quando são encaixados de forma coerente.

Concluímos então, que a linguagem é o conjunto de mensagens transmitidas, contidas no significado dos sígnos que formam as palavras.

Mas vimos que um mesmo signo pode ser dotado de dois ou mais sentidos. E agora? Bom, tudo vai depender do contexto do assunto. Por exemplo, quando eu digo TORTA e TORTA. Estou me referindo à comida ou ao adjetivo?

Esses sentidos diferentes são classificados como:

Conotação: É o uso da palavra com sentido diferente do original.
Por exemplo, posso dizer "Meu coração vai sair pela boca". Não significa que o coração vai realmente sair da cavidade toráxica, romper todas as veias e artérias, invadir o esôfago e por peristalse reversa ser expulso por vômito. Significa apenas um estado de exaltação exagerada.

Denotação: É o uso da palavra com seu sentido original. 
Se eu disser que "meu coração vai sair pela boca", de maneira denotativa, CORRE PRO HOSPITAL!

Michelangelo - A criação de Adão (corte)
E se nós pararmos para refletir de uma forma ainda mais profunda sobre a linguagem, podemos ver que a linguagem é uma ferramenta criada pelo homem. E como usamos a linguagem para estudarmos o universo e desenvolvermos a ciência, de acordo com o pensamento relativista de Nietzsche e Derrida, não podemos realmente nos aproximar da verdade.

Mas apesar dos pesares colocados por estes dois filósofos, a linguagem é uma ferramenta útil para que nós compreendamos grande parte dos fenômenos universais. E compreendemos o universo com o advento da nossa razão, ou seja, da nossa capacidade de pensar ordenadamente. 

Mas ao basearmos a nossa linguagem na razão, estamos excluindo automaticamente aquilo que se insere no campo da não-razão, ou seja, o irracional. Excluindo o irracional de nossa linha de pensamento, excluímos parte do mundo. Mesmo porque, nem tudo é dotado de sentido lógico (ou que consideramos lógico).

Alice no País das Maravilhas - Um elogio à loucura



Para que nossa linguagem seja bem fundamentada na razão e possua um sentido bem estruturado, nós seguimos algumas regras invisíveis de conduta. Como diria Michel Foucault, qualquer um não pode dizer qualquer coisa. E isso traduz a idéia da Ordem do Discurso, colocada por Foucault, para indicar esse conjunto de "leis" que regem a nossa linguagem. Assim, o louco é aquele que, entre outros aspectos característicos, vive às margens da ordem do discurso. 

O louco, estando excluído da ordem racional da nossa linguagem, não consegue se envolver com a verdade dos fenômenos universais. Mas o que é essa verdade da qual tanto falamos? Não percam, o próximo post, "Filosofia - Sobre a quinta aula".

Ah! Feliz dia das mães!
Abraço!
Gabriel.

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