segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sociologia - A questão do trabalho no Brasil

Boa noite pessoal!
Como prometi, irei complementar a aula, comentando a questão do trabalho no Brasil!
Bom... lá vamos nós!

Quando a agente pensa a questão do trabalho no Brasil, não podemos esquecer que ele está ligado ao envolvimento do país na trama internacional, desde que os portugueses chegaram por aqui no século XVI.
Vamos lembrar que a descoberta do Brasil ocorreu por causa da expansão européia e pelo desenvolvimento mercantilista. A produção agrícola para a exportação e a presença da escravidão no Brasil também estão vinculados à vinda dos europeus.

No final do século XIX, com a abolição da escravidão, encerrou-se um período de mais de 350 anos de predomínio do trabalho escravo. Só convivemos com a liberdade formal de trabalho há pouco mais de cem anos. Esse passado de escravidão continua pesando.

Mas como foi esse processo?

Nas primeiras décadas após a escravidão, os proprietários de terras procuraram trazer imigrantes para trabalhar em suas terras. Essa importação de colonos era feita com a ajuda do governo das províncias, que arcava com os custos da importação e ainda subvencionava as empresas agenciadoras de mão de obra estrangeira. O sistema então adotado ficou conhecido como colonato, pois as famílias que aqui chegavam, assinavam um contrato com os seguintes termos: o fazendeiro adiantava uma quantia necessária ao transporte e aos gastos iniciais de instalação e sobrevivência dos colonos e de sua família. Estes, por sua vez, deviam plantar e cuidar de um determinado número de pés de café. No final da colheita, seria feita uma divisão com os proprietários. Os colonos eram obrigados a pagar juros sobre o adiantamento e não podiam sair da fazendo enquanto não pagassem sua dívida, o que demorava muito. Assim se criava, o que na época era chamado de "parceria do endividamento", porque o colono não conseguia pagar o que devia ao fazendeiro, fazendo passar essa dívida de pai para filho.

 Achei esse vídeo, que ilustra bem esse período:


A partir do século XX, os trabalhadores urbanos passaram a reivindicar melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária semanal, melhorias salariais e, ainda, normatização do trabalho de mulheres e crianças, que eram empregadas em grande número e ainda mais exploradas do que os homens.
Diante das condições de vida e de trabalho precários, os trabalhadores iniciaram vários movimentos para modificar essa situação.

Com o desenvolvimento industrial crescente, as preocupações com o trabalhador rural continuaram a existir, mas a atenção maior das autoridades voltava-se para as condições do trabalhador urbano, que determinaram a necessidade de uma regulamentação das atividades trabalhistas no Brasil. Isso aconteceu pela primeira vez  em 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas no poder.

entre 1929 até o final da Segunda Guerra Mundial, buscou-se uma ampliação do processo de industrialização no país, o que significou um aumento substancial do número de trabalhadores urbanos. Mesmo o Brasil da época sendo um país em que a maioria da população vivia em zona rural. Mantinha-se uma estrutura social, política e econômica vinculada à terra.

As transformações que foram ocorrendo depois mudaram a face do país, mas o passado continua influindo, principalmente nas concepções de trabalho. Quem nunca ouviu a expressão: "trabalhei hoje como um escravo!", ou mesmo percebeu o desprezo pelo trabalho manual e pelas atividades rurais, que lembram um passado do qual a maioria das pessoas quer fugir.

Mas e a situação atual do Brasil, como anda?

Nos últimos sessenta anos, convivemos no país, simultaneamente, com várias formas de produção.
Vamos pensar em exemplos dessa diversidade.
- Temos os trabalhadores, indígenas ou não, que tiram seu sustento coletando alimentos da mata, conhecidos como povos da floresta; 
- Trabalhadores da agropecuária, compreendendo os que ainda trabalham com enxada e facão e os que utilizam maquinários da mais alta tecnologia;
- Trabalhadores empregados em indústrias de transformação ou de produção de bens, seja em grandes empresas nacionais ou internacionais, ou em pequenas fábricas "de fundo de quintal";
- Trabalhadores nos setores de serviços e de comércio, que reúnem a maioria das pessoas;
- Trabalhos administrativos, em empresas de organização públicas e privadas, desenvolvendo desde as atividades mais simples, como servir cafezinho, até as mais completas, como gerenciar uma equipe;
- Crianças que trabalham em muitas das atividades descritas;
- Trabalhadores submetidos à escravidão por dívida.

Em 2005 a maior parte da população vivia em zona urbana, completamente diferente da população essencialmente rural de sessenta anos atrás. Isso significa, que em apenas sessenta anos, tivemos uma transformação radical no Brasil.


O processo de urbanização criou uma situação completamente nova no Brasil, a tal ponto, que nem a agropecuária e nem a indústria são hoje os setores que mais empregam. O perfil de trabalho no Brasil mudou, e com isso, as oportunidades de trabalho também.

Mas e a questão do desemprego?

O desemprego, mesmo depois de tantas mudanças, continua sendo um dos grandes problemas nacionais.

Na agricultura houve a expansão da mecanização, ocasionando a expulsão de inúmeras pessoas, que tomaram o rumo das cidades.
Na indústria a crescente automação das linhas de produção também colocou milhares de pessoas na rua.
Pra termos uma idéia do que aconteceu nesse setor, na década de 1980, para produzir 1,5 milhões de veículos, as montadoras empregavam 140 mil operários. Hoje para produzir 3 milhões de veículos, as montadoras empregam apenas 90 mil.

Esse quadro só poderá ser mudado com mais desenvolvimento econômico, dizem alguns. Outros afirmam que é impossível resolver o problema na sociedade capitalista, há ainda os que consideram o desemprego uma questão de sorte.
Todas essas explicações podem conter um fundo de verdade, mas, está faltando uma explicação, que deixará claro que o desemprego não é uma questão individual nem culpa do desempregado. Essa explicação está na política econômica desenvolvida no Brasil há décadas. É também resultado de uma política monetária de juros altos.

Acredito que somente será possível resolver a questão do emprego e da renda no Brasil com a ampliação da presença do Estado nos mais diversos setores - educação, saúde, segurança, transporte, cultura, esporte, lazer-, o que envolverá a contratação de milhares de pessoas, além de investimentos maciços em estradas, habitação e obras públicas.

Qualquer dúvida, comentário, estamos por aqui!
Beijos 
Fernanda

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