quarta-feira, 6 de abril de 2011

Filosofia - Sobre a segunda aula, do dia 26/03 (Parte 2)

Voltei! E vamo que vamo, pq o tempo é curto.

Tínhamos parado então nos primórdios da humanidade. O homem primitivo, Homo sapiens, possuia uma capacidade intelectual mais desenvolvida que o Homo neanderthalensis, o que permitiu a sobrevivência da nossa espécie. Sobrevivemos, não vivendo solitários, jogados ao léu, no vasto mundo natural, mas sim em grupos, mais capazes de sobreviver e aumentar o número dos seus constituintes. É lógico pensar que um grupo com maior número tem maior chance de ter boas idéias, caçar animais maiores e facilitar a reprodução da espécie.

Há um filme bastante hollywoodiano que mostra um pouco essa questão. O filme se chama "10.000 A.C."
Eis o trailer:


Claro, que nesse filme o homem já tinha começado o processo de socialização, mas vamos falar disso daqui a pouco. Nós vimos que, ao criar ferramentas, grupos e desenvolver técnicas que facilitassem suas atividades diárias, o homem começou a se distanciar do mundo natural.

E nos perguntamos: O que é natural?
Natural é aquilo que constitui o nosso mundo, o ambiente? A chuva, o vento, as plantas...
Natural é aquilo que é normal nos outros? Posso dizer: É natural que aquela criança chore depois de machucar o joelho (será que todas as crianças choram ao machucar o joelho?).
Nossos hábitos são naturais? Nossos gostos, preferências, etc?

Se pensarmos no homem pré-histórico (Homo sapiens), temos algum hábito que conservamos desde aquela época?

Marilena Chaui conceitua natural como sendo "uma coisa que existe necessariamente (não pode deixar de existir) e universalmente (em todos os lugares, em qualquer período de tempo)".
Se pensarmos assim, quase nenhuma característica humana se preservou desde a pré-história (salvo alguns comportamentos instintivos) até os dias atuais. 

Podemos pensar, por essa linha de raciocínio, que o homem é mais cultural do que natural. Mas o que é cultura? Podemos chamar de cultura muitos elementos da nossa sociedade. Podemos dizer que cultura é a arte de uma sociedade, a música, os costumes, a arquitetura, a religião, enfim.
Se traduzirmos a palavra CULTURA para o latim, teremos Colere, um verbo que significa todo tipo de cuidado com vários elementos do cotidiano, como o cuidado com a terra, com os deuses, com os outros.

Os gregos e romanos pensavam que o homem era natural, e que a cultura que o homem possuía era uma espécie de natureza, superior as outras, que dotava ao homem, poder de dominar suas outras naturezas, inferiores e destrutivas.

Com a natureza cultural do homem, ele podia desenvolver suas qualidades, e ser bom, belo e virtuoso. Aqui, a cultura ganha caráter de aprimoramento, ou seja, ser culto é estar inserido em um PROCESSO de evolução. Para que o homem se aprimorasse e desenvolvesse suas capacidades, ele deveria educar seu corpo, suas virtudes e seu intelecto, pelo advento da gramática, astronomia, geometria, oratória, filosofia, entre outras linhas do conhecimento.

Falamos então do Hércules, um personagem mitológico (o que é mito?) que procura desenvolver suas capacidades físicas, virtuosas e intelectuais para se tornar um deus verdadeiro e ganhar um lugar no Olimpo.

E essa idéia de cultura permaneceu por muito tempo, até chegar o século XVIII, conhecido como o período das revoluções. No séc. XVIII, com o impulso da revolução industrial, o homem passa a abandonar essa idéia de ser natural. Isso porque alguns pensadores dizem que natural é aquilo que obedece ás leis do acaso, e o homem não vive mais sobre as influências aleatórias do mundo. O homem é dotado de livre vontade, e isso faz com que ele deixe de ser natural. A própria significação de cultura muda, no séc. XVIII. Culto não é mais aquele em processo de desenvolvimento de qualidades; cultura é o RESULTADO da educação.


Dessa forma, culto é o homem que recebeu educação e vive afastado da natureza, ou seja, na civilização.

Abraço!
Gabriel


Nenhum comentário:

Postar um comentário