quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Filosofia - Sobre a sexta aula, do dia 30/04

Vambora que eu tô no pique, hoje! Aheauioehua
No post anterior, discorremos sobre a verdade das coisas. É importante estarmos sempre ligados na possibilidade de estarmos aprisionados em alguns dogmas invisíveis que arrastamos em nossas vidas. É normal, acontece.

Mas não podemos estar constantemente sob a influência deles. É difícil enxergarmos a verdade, como já havíamos dito, mas isso não significa que devemos deixar de buscá-la. Aquele nosso amigo, o Kant, disse que é importante atentarmos para a existência de outra possível verdade por trás daquilo que acreditamos ser real. Isso faz com que nós despertemos de nosso sono dogmático. Palavras do cara.


Mas ainda com a dúvida que Nietzsche levantou sobre a verdade: Para quê e por que a verdade?

Para que precisamos tanto dela em nossas vidas? Arrisco dizer que a resposta é ousada: Para sermos felizes.
Poxa vida, por qual razão fazemos tudo o que fazemos nessa vida? Para quê vamos estudar, trabalhar, paquerar na praça, praticar esportes...  senão para sermos felizes?

Nietzsche propôs uma alegoria interessantíssima para avaliarmos o nível de felicidade em nossas vidas. Chama-se a alegoria do eterno retorno.

E também discutiu duas idéias, sobre a negação do presente, em busca daquilo que nunca se tem. Essas idéias sobre a negação do presente chamam-se niilismos.
Antigamente, lá pelos idos da idade média, as pessoas deixavam de viver o presente em busca da salvação pós-vida. Todos os atos contidos ou conquistas de vida visavam a recompensa depois da morte. Esse niilismo era denominado NIILISMO NEGATIVO.
Vivemos para trabalhar, ou trabalhamos
para viver?

Hoje também negamos o presente, em nome de algo que não é tão distante quanto o pós-vida, mas mesmo assim é inalcançável: o futuro promissor. Buscamos sempre o “algo a mais” para nossas vidas. O sucesso, o prestígio, a cura para todos os nossos problemas. Então continuamos a dizer “o futuro vai ser melhor”, e nos esquecemos de melhorar o nosso presente. Esse niilismo é denominado NIILISMO REATIVO.

E desejamos o tempo todo. Schopenhauer, filósofo alemão inspirador de Nietzsche, dizia que o desejo é a essência fundamental do homem e de todas as coisas. Tudo deseja o tempo inteiro, tudo deseja se transformar completamente.

Tio Art (Apelido carinhoso que dei ao nosso amigo Artur Schopenhauer) disse: “Os homens, dominados pela vontade, vivem num fluxo incessante de desejos e oscilam assim, continuamente, entre a dor, quando o desejo não é satisfeito, e o tédio, quando a vontade não encontra mais objeto de satisfação.”

Manja aquele domingo em que ninguém posta nada no seu facebook, nem no seu Orkut... o twitter está abandonado às traças, você já atualizou 300 mil vezes o seu perfil e tudo o que você ouve de fundo é a voz do Faustão dizendo “Oloco meu!”... e você tem vontade de se jogar pela janela, dominado por aquele tédio mortal e corrosivo? Então. É o seu desejo sem objeto de satisfação. 
Você sofre, porque não sabe mais o que quer fazer, manolo (digo por conhecimento de causa hahaha)!!

Epicuro
Um filósofo que defendia a idéia da vida feliz pelas realizações dos desejos foi Epicuro. Epicuro era um filósofo grego do período helenista (quando a cultura grega se juntou com a romana e foi explorar os cantos do Egito). 

Ele dizia que a verdadeira felicidade poderia ser alcançada com o uso da filosofia e com a realização moderada dos desejos. Mas tinha que ser moderado. Se uma pessoa, na busca pela felicidade, caísse em uma vida de prazeres incontroláveis, impensados e inconseqüentes, ela seria condenada a uma vida de desgraças e sofrimento.

Essa busca inconseqüente por prazeres ganha o nome de hedonismo. Um exemplo de personagem hedonista é Dorian Gray, do romance escrito por Oscar Wilde.
E já que estamos falando de desejos, falemos de amor. Afinal, o amor é uma das manifestações mais intensas de desejo na vida do ser humano (só do ser humano?).

Na filosofia grega, que é a base da nossa filosofia ocidental, o amor pode ser dividido em três formas:
Amor FILIA, que é aquele amor fraternal, em que existe cumplicidade. “Uma mão lava a outra.”.
Amor ÁGAPE, com o qual se ama o outro, sem esperar nada em troca.
E temos o amor EROS, com o qual se ama, entre outras formas, com o corpo.

Alguns filósofos curtem dividir o indivíduo em partes, para entender melhor o funcionamento do conjunto. Platão, por exemplo, divide o ser humano em três almas: A alma superior (ou intelectual), com a qual se pensa; a alma irascível (ou sentimental), com a qual se sente, ama, odeia; e a alma concupiscível, com a qual desejamos as coisas. Para Platão, tudo aquilo que vinha do sentimento e/ou do desejo tinha que ser controlado pelo pensamento, ou seja, pela razão. O homem que se guiar por qualquer outro seguimento de sua alma, que não o seguimento da razão, está fadado à ruína.

Ou seja, se Platão tivesse um conselho amoroso para dar, seria: Ame, mas pense no que está fazendo.
Spinoza, outro amigo nosso, não curtia a idéia de dividir o indivíduo (aquele que é indivisível) em partes. Para ele, somos uma rede complexa e indissociável de ações, emoções, idéias, pensamentos, sensações. E quando amamos, nos tornamos capazes de nos envolver com as alegrias e tristezas dos outros, a ponto de quase fazê-las nossas próprias alegrias ou tristezas.

Como hoje eu não estou nada romântico, vou parar por aqui. Aqui em São Paulo, de onde vos escrevo, está frio, nublado e garoando. No próximo post discutiremos sobre a liberdade, ética e moral.
Vejo-os em breve, mortais!
Abraço.
Gabriel 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Filosofia - Sobre a quinta aula, do dia 16/04

Aháaaaa! Eu disse que voltaria, não disse?
Galera, desculpe pelo atraso. Uma série de fatores complicaram meu tempo hábil para postagens.
(Mas claro que são apenas desculpas, pq qualquer madrugada poderia ser usada a fim de atualizar o blog. Dormir é para os fracos. heiaoheuaioheuo)

Mas vamos lá! Do que estávamos falando mesmo?...
Havíamos falado sobre a loucura, certo? Sobre a ordem do discurso, sobre Freud, sobre o conhecimento e sobre a busca da verdade.

Mas o que é a verdade? Sempre, na história da filosofia, os maiores pensadores (e os menores também, claro), se ocuparam em tentar entender e descobrir tudo sobre a verdade.
Podemos dizer que a verdade é a manifestação pura da realidade, ou seja, a identidade fundamental do universo. A verdade é livre de enganos, suspeitas e ilusões.

A verdade é como o pobre coitado
desse cachorro... todo mundo
acha que entende a verdade...
e faz o que quer com ela...
A verdade parece algo simples de se lidar, não é? Oras, o vento sopra, o sol de põe, tudo o que é vivo morre... e assim por diante. Mas não é tão fácil assim. Nós, humanos, sempre damos um jeito de colocar nosso ponto de vista sobre aquilo que estamos estudando, e isso é HORRÍVEL para a verdade. Nós, humanos, lutamos sempre contra nossa própria natureza para poder lidar com a verdade da maneira mais imparcial possível.

Aí veio Nietzsche e perguntou: Para quê e por quê a verdade?
Linda pergunta!
"E aí, manolo, mesmo que você consiga encontrar esse bagulho aí, chamado VERDADE, você vai fazer o quê com isso?"

Para Nietzsche, a busca pela realidade é uma tarefa quase impossível para o homem. Isso porquê nós usamos elementos criados por nós mesmos para tentar entender algo que está além do nosso alcance.
É a mesma coisa que tentar entender o comportamento de partículas sub-atômicas com uma lupa. Não adianta, a lupa só vai permitir que enxerguemos até um certo limite. Não dá para ver átomos com uma lupa.
Além do que, Nietzsche, assim como vários outros filósofos, defende a idéia de que a verdade é relativa.

Scully e Mulder, personagens
da série "Arquivo X"
- A verdade está la fora...
*musiquinha de assovio de
suspense*
Mas Platão diz o contrário! Platão diz: A verdade EXISTE e está em um mundo perfeito, IDEAL, fora da nossa realidade imperfeita.
E como o platonismo foi uma das bases de fundamentação da igreja católica e islâmica na idade média, a noção de verdade vinculada à idéia de Deus e paraíso corroborou para a criação de muitos dogmas.
[dogma 
(latim dogma, -atis, opinião, dogma, do grego dógma, -atos

s. m.
1. Ponto fundamental e indiscutível de uma crença religiosa.
2. Máxima, preceito.]
Esses dogmas aparecem quando eu pego uma crença pessoal e transformo em verdade absoluta. Isso não acontece só com crenças religiosas. Muita gente por aí adora fazer isso. rsrs
Mas de uma maneira geral, podemos dizer que na idade média, a verdade era única e exclusivamente Deus.

Só que depois de algum tempo e de algumas revoluções, na chegada do iluminismo francês, nosso amigo René Descartes começou a difundir a idéia de verdade científica. Ele, com toda a sua matemática, discutia que a verdade (embora relacionada ainda com Deus) poderia ser encontrada através de uma sequência racional bem estruturada.

Vemos então, que mesmo a VERDADE, que deveria estar livre de todas essas disputas históricas de posse, sofre com a relatividade INERENTE ao homem.
Na Grécia antiga, a verdade era basicamente a natureza. De diferentes pontos de vista, claro, mas de modo geral, era a própria natureza das coisas. Na idade média, a verdade era a manifestação divina. Atualmente, a verdade é científica.

Coitada da verdade. Todo mundo a interpreta da maneira que quiser, e no fim, será que a conhecemos realmente?

Não percam, o próximo capítulo desta emocionante novela mexicana: EM BUSCA DA VERDADE.